(Continuação da parte 4)
-Caro senhor. Vim humildemente pedir a mão de sua filha em casamento. – Disse, Dimitri em Romani, como manda a tradição para momentos solenes.
-O que? Qual delas? Elas nem tem quinze anos ainda!
-Não, não, meu senhor. Eu gostaria de desposar sua filha Sandra.- Disse Dimitri apontando na direção da parte da tenda em que estavam as mulheres com o corpo de Sandra.
Imediatamente Zaid empalideceu.
-O que? Minha filha está morta, moço.
-Eu sei, meu senhor. Mas mesmo assim. Sempre amei sua filha. Peço humildemente que me conceda sua filha em casamento, mesmo morta. Eu a honrarei como marido para todo o sempre.
Zaid ficou sem saber o que falar nem fazer. Aquela era a situação mais estranha com o qual já havia de deparado até então. Um casamento entre um vivo e um morto. Seria possível?
-Veja, meu rapaz. Não entendi. Você está querendo casar-se com uma mulher morta. Ela não poderá plantar, nem colher, nem criar ou ter filhos. Ela estará morta. Morta e enterrada. Não vejo o porque.
-Meu senhor… – Disse Dimitri buscando algum argumento para justificar o pedido bizarro. – …Sua filha aceitou casar-se comigo, antes de… Bem, o senhor sabe. Antes daquele desgraçado fazer o que fez.
-Ela aceitou?
-Sim senhor. Ela aceitou casar-se comigo e foi por isso que ele a matou. -Disse Dimitri olhando para o chão.
Zaid ficou em silêncio. Agora tudo fazia total sentido. O sonho. Era aquilo que o sonho queria dizer. Os pensamentos de Zaid foram interrompidos por Dimtri:
-Senhor, obviamente que mesmo ela estando morta, terei prazer em pagar o dote. Tenho algumas economias, caso queira saber. Faço isso apenas e tão somente pelo amor que nutri pela sua filha quando estava viva.
– Veja, meu jovem. Se era este o último desejo de minha filha, e mesmo morta, eu acho que podemos realmente dar um jeito nisso. Eu concedo a mão dela, coitada, a você.
Os homens se cumprimentaram e Dimitri saiu da cabana, todo feliz.Correu para a barraca de Zatana. A velha estava mexendo nuns guardados.
-Senhora, onde está a Mikaela?
-Ah… Você. – Falou a velha. – Eu quero mesmo falar com você. Senta aí, grandão.
Dimitri tinha medo daquela velha. Ele apressou-se em obedecer.
-Então é você que vai casar com a moça?
-Sim senhora. Eu mesmo. Eu fiz tudo como a Mikaela mandou. Falei com Zaid agora e ele aceitou me casar com a filha dele. Mesmo estando Morta.
-Hahahahaha. Morta? Ela está viva, rapaz.
-Mas como? – Questionou Dimitri.
-Isso não te interessa saber. O que você deve saber é que tão logo se case com a filha de Zaid, terá que colocar esta massa de folhas na boca dela. Coloque com água. E em pouco tempo, ela vai acordar como se tivesse dormido. Quando ela acordar, já estará casada e será sua. Não haverá nada que ninguém possa fazer para separar vocês.
-Isso é bruxaria! – Gritou Dimitri assustado.
-Isso é solução para todos os seus problemas, grandão. Agora vai, sai da minha cabana que eu preciso ficar sozinha. A Mikaela está lá fora.
-Sim senhora. – Disse Dimitri, saindo sem dar as costas para a bruxa.
Do outro lado do acampamento, o bigodudo olhava as estrelas. Alexander apenas esperava, pesnando em seu infortúnio. Súbitamente ele ouviu um “clock”.
O cigano bigodudo caiu duro de cara na lama. Alexander olhou para a mata e não viu ninguém. Enfim percebeu o brilho do sangue numa pedra próximo da cabeça do guarda.
Da mata saiu o velho Ephraim.
-Velho…
-Garoto.
-Eu não sou culpado. Foi uma armação da bruxa.
-Eu sei, garoto. Poupe seu fôlego. Eu te criei. Conheço bem o meu gado. – Disse o velho desamarrando Alexander.
-Eles querem me condenar a morte.
-E vão. – Falou Ephraim. – Ao que parece, Mikaela disse para todos da aldeia que você abusou dela. Sandra apareceu morta e a Velha Zatanna disse que viu você matando Sandra. Além do mais, Zaid pegou você enforcando a velha de mais de oitenta anos… Você caiu como um pato.Todos na aldeia acham que você endoidou e teve gente que disse que viu você matando o pobre Alifi.
-Mas não fui eu.
-Não interessa agora. O importante é que você fuja para a floresta enquanto pode, ou vão matar você.
-Sim, farei isso. Mas velho…
-Sim?
-O Dimitri. Nós lutamos. Ele estava tentando violar Sandra.- Disse Alexander. O velho Ephraim ficou pensativo.
-Ah… Que pena. – Disse o velho. – A gente trata, cria, dá comida, faz de tudo por eles e o que recebemos em troca? Alguém a quem não podemos confiar. Obrigado por me contar.Agora vá. Corra para o alto da montanha. Perto da pedra do pássaro tem uma caverna. Fique lá. Eu levarei comida mais tarde.
-Sim, velho. Obrigado. – Disse Alexander abraçado Ephraim.
Alexander correu para o mato e começou a escalar a ecosta da montanha, sumindo por entre as árvores.
Nisso o bigodudo gemeu e começou a se mexer. Ephraim correu por entre as carroças e desapareceu.
O bigodudo recobrou a consciência. Olhou para a estaca que prendia Alexander e viu as cordas cortadas.
-Ele fugiu! Maldito.
O bigodudo entrou no meio do acampamento gritando da fuga do prisioneiro.
Zaid correu para saber. Viu o ferimento na cabeça do guarda.
-Ele foi ajudado por alguém. – Concluiu Zaid.
Nisso, Petra, a mãe de Sandra surgiu da cabana.
-Ela está pronta, Zaid. Tem certeza que vai casar nossa filha morta?
-Sim. Vou. Dessa forma ela irá para a eternidade compromissada. Sei que isso não soluciona, mas ameniza a minha dor de saber que minha querida Sandra, a alegria da minha vida, foi violada e morta por aquele monstro. Será um funeral-casamento. -Disse ele, olhando para o chão com os braços cruzados.
-Que seja. Ela está pronta.
-Então mande as mulheres do nosso clã se prepararem. Esta noite teremos um casamento, e depois, um funeral.
Zaid virou-se para Ephraim que vinha passando.
-Ephraim, vou casar Sandra. Reúna o seu povo. É hoje à noite.
-Hã? Ficou louco meu amigo? Ela está…
-Sim, eu sei. Morta. Mas eu a darei em casamento ao grandão. Aquele que você criou. O da cicatriz.
-Dimitri?
-Sim. Ele mesmo.
Ephraim ficou atônito. Nunca havia escutado falar num casamento entre uma morta e um vivo.
Ephraim acenou com a cabeça e saiu. Foi correndo contar ao Alexander. Escalou com dificuldade aquela montanha.
Ao chegar na caverna, Alexander não estava.
-Droga. Que moleque burro. Onde será que ele se meteu? – Perguntou-se Ephraim.
Subitamente Alexander saltou sobre ele. O jovem tinha o punhal na mão e quase atingiu o velho.
-Droga velho. Quase o matei. Pensei que era algum homem do Zaid. -Disse sem graça, guardando o punhal.
-Eu falei que vinha, seu tonto. Agora escute com atenção. Eu descobri que o Dimitri vai se casar com Sandra. Esta noite.
-Impossível. Ela está…
-Isso mesmo. Morta. Ela vai casar morta mesmo. Alexander, acho que Dimitri surtou, ou está endemoniado.
Alexander sentou-se no chão da caverna.
-Maldição. Como você descobriu?
-Zaid me contou. Mandou reunir nosso povo. O casamento será às pressas, pois logo depois é o funeral.
-Quando?
-Amanhã à noite.
-Pobre Sandra. Pior que eu não posso ir lá. Eles me matarão.
-Bem, meu jovem. Aqui está a comida e uma manta para passar a noite. Fará frio aqui. Amanhã eu volto.
-Até amanhã, velho. Obrigado.
-Adeus. -Disse Ephraim, descendo a encosta.
Lá em baixo, no interior da aldeia, estava Mikaela. Aos gritos com Zatanna.
-Mas ele fugiu! Como vai casar comigo fugido?-Berrava furiosa a loura.
-Calma, pequena ninfa. Para tudo tem jeito nessa vida. Até para a morte.
-Vamos afastar o problema da filha de Zaid primeiro. Vamos forçar o casamento dela com o fortão feioso e então depois que ela se casar e ressuscitar, estará impedida para o jovem Alexander para sempre. Então nós daremos um jeito de encontrá-lo. Sem a morte da jovem para pressionar, ele não poderá ser condenado a morte, mas será pressionado a casar-se com você porque ele violou nossa lei dormindo com você naquela noite.
Mikaela ficou queita. O plano da velha Zatanna fazia sentido.
Mikaela deitou-se na cama e dormiu.
Naquela madrugada o frio e o vento maltrataram Alexander. As feridas no rosto ardiam e os hematomas nos braços doíam. Ele tremia como uma vara verde, enrolado na manta de Ephraim.Durante a torturante madrugada pensou em muitas coisas e jurou para si mesmo que não permitiria que a sua amada, mesmo morta, fosse desposada pelo seu primo desgraçado. Aquele maldito brutamontes que tentou estuprá-la. Dimitri merecia a morte.
No dia seguinte, quando o sol raiou, uma bandeira vermelha estava fincada no centro da aldeia. Nela, o nome dos noivos.
Os amigos de Dimitri entraram tocando musica na cabana de Zaid. No centro da cabana, uma grande mesa estava preparada, cheia de comida. Os homens sentaram-se à volta. As mulheres, as irmãs de Sandra e outras e jovens ficaram em pé, ao redor olhando.
Os homens conversaram em Romani. Ephraim sentou-se de frente para Zaid. De um lado os parentes e amigos do noivo. Do outro, Zaid, seu cunhado, os irmãos e amigos do outro clã.
Ephraim estava visivelmente abatido e Zaid notou a tristeza no olhar do velho quando este recitou o pedido de casamento oficial, como manda a tradição. Zaid concedeu. E eles simularam a negociação da jovem morta. Eprhaim olhou para os rapazes, tirou um saco de couro cheio de moedas de ouro e entregou a Zaid. As mulheres trouxeram uma bebida forte, a Proska. Os homens beberam.
Quando todos saíram da cabana, o centro do acampamento já estava cheio de ciganos. De um lado surgiu Dimitri. Vestido nas roupas tradicionais de seu povo. Os convidados vão juntando-se às danças, animados por um conjunto. No meio da praça central, duas grandes mesas, são arrumadas. As mulheres trazem uma padiola branca, ornada com flores. No meio, coberta por um véu fino, está Sandra. Ela vesta o branco, a cor das noivas. Seu cabelo ornado com muitas flores e uma profusão de jóias de ouro adorna seu corpo. Ela está linda, parece um anjo.
Archon, o velho ancião, dá início ao ritual do casamento. Com um pequeno punhal decorado finamente ele faz um pequeno corte no pulso de Sandra. Repete o procedimento no pulso de Dimitri.
Com um lenço vermelho, ele lentamente enrola os pulsos, de Sandra, morta, e Dimitri, simbolizando a união eterna. Dimitri inclina-se sobre o corpo frio de Sandra e coloca um pouco da massa verde que Zatanna lhe deu na boca da jovem.
-Que isso? – Sussurra Petra no ouvido do marido.
-Não sei. Deve ser parte do ritual deles. – Respondeu Zaid.
Subitamente, um grito ecoa no meio do povo. Todos olham para a mata, de onde sai Alexander.
Zaid olha com ódio para Alexander.
-Desgraçado. Peguem ele! – Grita para os homens da aldeia, que sacam seus punhais.
-Esperem! – Berra Ephraim, jogando-se na frente dos homens.
– Deixem ele falar. -Diz o velho.
-Eu não matei esta mulher! Ela não pode casar com ele! – Grita Alexander em meio a floresta apontando Dimitri. – Ela foi envenenada.
-Você desonrou minha filha, maldito. Deixe que ao menos ela se case.
-Não. Eu não posso. Ele é o canalha. Ele tentou desonrar sua filha, Zaid! -Gritou Alexander.
Zaid olhou seriamente para Dimitri.
-Isso é verdade? – Perguntou levantando-se da mesa.
Dimitri demorou a responder. Procurava na mente alguma justificativa. Não encontrando, apelou para a mais fácil.
-Eu te desafio! – Gritou Dimitri, sacando seu punhal e apontando para Alexander.
-Isso é verdade? – Continuou a gritar Zaid. Nisso as mulheres já choravam as crianças haviam se enfiado sob as mesas e os velhos tentavam entender o que se passava ali.
-Eu aceito seu desafio, desgraçado. Vai pagar pelo que você fez a Sandra! – Gritou Alexander.
Zaid sentou-se sem saber o que fazer.
Alexander entrou no grande círculo. Dimitri avançou sobre ele com o punhal em riste.
Os dois lutaram ferozmente. Dimitri era muito mais forte e bateu com violência em Alexander.
Alexander perdeu a consciência por um breve momento e caiu.
Dimitri partiu para cima dele e levantou o punhal para uma estocada no peito do primo.
-Não! – Gritou Sandra.
O povo se assustou. Muitos levantaram e saíram correndo de susto.
Zaid arregalou os olhos como nunca havia feito na vida.
Estava tonto, Tudo rodou. Ele caiu desmaiado.
-Papapai! – Gritaram as meinas.
Petra abriu a boca a chorar como uma criança. Todos estavam surpresos. Sandra acabava de ressuscitar.
Dimitri olhou pra ela por um breve segundo. E desferiu o golpe.
Ephraim salta sobre Alexander, tentando proteger o jovem. O golpe de Dimitri atinge em cheio as costas de Ephraim.
– Nããããão! – Grita Dimitri, vendo que matou o pai adotivo.
Dimitri cai de joelhos. O velho tosse. Vira-se para Dimitri e desfere um suonoro tapa na cara do jovem. Dimitri aceita o tapa em silÇencio. Baixa a cabeça. Ephraim olha para Alexander. Uma baba sanguinolenta escorre da boca do velho Eprhaim.
Alexander recobra a consciência a tempo de ver o velho dar seu último suspiro.
-Velho? – Geme Alexander no chão.
-Seja… feliz… meu… filh*
Ephraim não consegue terminar a frase e cai sobre o rapaz.
-Malditoooo! – Grita Alexander. Tomado de uma força sobre-humana, ele empurra o corpo do velho de lado. Pega seu punhal e lança-se no ar sobre Dimitri.
Os dois engalfinham-se num ferrenho combate. Dimitri é muito mais forte e facilmente desarma o primo. Ele soca a cabeça de Alexander no chão, e este perde a consciência novamente.
Sandra salta da padiola e corre na direção da luta. As mulheres gritam. Os homens agitam os braços em desepero. As crianças choram.
Dimitri pega o punhal no chão.
-Ela nunca será sua!- Grita ele para o jovem Alexander. Em seguida, enterra a lâmina no peito do jovem, com toda força.
– Nãããããããããããããããããããããão! Berrou Sandra em desespero, cambaelando, ainda zonza.
-Mikaela correu empurrando a multidão. Foi a primeira a chegar no corpo de Alexander.
A loura tinha lágrimas nos olhos, vermelhos de chorar.
Enquanto isso, o povo gritava apotando para Dimitri o corpo de Ephraim e Alexander:
-Assassino! Assassino! Assassino!
Dimitri ajoelhou ao lado do corpo de Ephraim e chorou.
-Eu não queria isso. Não queria. – Disse Mikaela. Ela sussurrou em vão palavras de amor segurando a cabeça de Alexander, quase desfalecido.
-Alexander olhou nos olhos da loura. Cuspiu na cara dela. E com o pouco de forças que ainda tinha a empurro para longe dele.
Mikaela foi chutada na cara por Sandra. A loura caiu pra trás. Sandra saltou sobre ela e esmurrou furiosamente o rosto da jovem. Mikaela reagiu, jogando Sandra de lado e chutando-a. Mikaela afastou-se. Tentou engatinhar na direção da lâmina de Alexander. Sandra por sua vez, correu para Alexander.
-Meu amor. – Disse Sandra abraçando o corpo do jovem.
-Não diga… Nada. Eu te… Amo. -Falou o jovem. E então fechou os olhos e parou de respirar.
Mikaela saltou com a lâmina para cima de Sandra, que desviou do golpe. Elas rolaram no chão, tentando em vão se esfaquear. Sandra socou a cabeça de Mikaela no chão e desarmou a jovem. Mikaela desmaiou. Com o punhal na mão ela correu. Não em direção a Mikaela que estava caída, mas na direção de Dimitri. O enorme cigano estava de costas, ajoelhado chorando ao lado do corpo inerte do velho Ephraim. Sandra cravou-lhe o punhal no pescoço. No susto, Dimitri levantou-se. O sangue espirrou alto. Dimitri deu um soco em Sandra, que caiu no chão.
Ele cambaelou de um lado para o outro, segurando a ferida aberta no pescoço, de onde uma cascata de sangue escorria, tingindo a roupa branca do noivo de rubro.
O povo cigano gritou de horror. Dimitri caiu de costas, no meio da fogueira, espalhando uma nuvem de detritos, poeira e fumaça no céu. Em pouco tempo, a fogueira aumentou e o corpo forte do cigano foi engolido pelas chamas, liberando um cheiro horrível no ar.
O povo finalmente correu para dentro do círculo e levantaram Mikaela, que estava desmaiada.
Sandra voltou-se para Alexander. Ele estava morto. Ela chorou. O povo se aproximou. Zaid se recuperava. Olhou a cena e não entendeu.
-O que aconteceu aqui? – Ele perguntou, vendo os corpos no chão e o homem que queimava na fogueira. Petra explicou o que havia acontecido.
-Minha Filha! Gritou Zaid, correndo na direção dela.
-Pai. -Falou Sandra, com os olhos cheios de lágrimas. – Ele morreu, pai.
– Eu sei, minha filha.
– Eu quero me casar com ele, pai. Mesmo morto.
-Impossível, minha filha. Você já casou. Disse Zaid olhando o corpo que lentamente se carbonizava no meio da fogueira.
-Não!
-Eu não posso fazer nada, Sandra. Disse Zaid.
Sandra olhou para o chão. Ali estava o punhal de Dimitri. Abaixou-se e pegou. Olhou para Zaid e Petra com um olhar de despedida.
-Não, minha filha.-Berrou Zaid.
-Não. – Gritou petra.
-Não! – Gritou o povo cigano.
Não houve quem pudesse impedir. Sandra pegou o punhal e cravou na própria garganta. Caiu abraçada sobre o corpo de Alexander.
As pessoas correram para acudir, mas já era tarde. Ela respirou ainda duas vezes e finalmente morreu.
O povo não podia acreditar no que acabaram de asssitir. Mikaela chorava copiosamente.
Horas depois, os corpos já haviam sido recolhidos. As pessoas recuperavam-se da dor. Os rituais funerários de Ephraim, Alexander e Sandra eram preparados.
Zaid mandou chamar os homens, que trouxeram Mikaela até a cabana dele.
Zaid obrigou Mikaela a contar todo o plano. Mikaela entregou Zatanna, que foi morta por apedrejamento pelo povo. Zaid expulsou Mikaela da aldeia. Horas depois, sozinha na floresta, sem povo, sem a tia, sem ninguém, desesperada, percebendo que nunca mais conseguiria ter Alexander pra ela, jogou-se do penhasco.
O povo cigano fez o funeral como de costume. Os mortos foram postos em camas turcas, bem no centro do acampamento, sob uma barraca branca montada ali. Cada um deles estava enfeitado com suas melhores roupas e Sandra estava coberta de todas as suas jóias. Os demais pertences de Alexander, Ephraim e Sandra foram distribuídos entre os membros do grupo como presentes. Sob as camas foi estendido um tapete. Em redor da cama, no chão, foram colocados vários pires com velas acesas. Em roda, os homens choravam em silêncio, enquanto as ciganas entoavam cânticos em Romani, chorando alto. No decorrer desse velório corria, por vezes, de mão em mão, a partir de Petra, um vasilhame com chá, de que todos bebiam.
E todos os potes, bacias e vasilhas que continham água e se encontravam nas barracas foram esvaziados, mantendo-se assim até o terceiro dia, quando finalmente os artesãos terminaram de fazer os três caixões. Os corpos foram colocados nos caixões pelos homens. As mulheres choravam.
Uma carroça levou o cortejo adiante na floresta até perto da cachoeira. Ali, num lugar sereno e plano, os homens já haviam cavado as duas sepulturas. Uma para o casal e outra para o Velho líder Kalderash.
Zaid e Petra choraram quando os corpos foram enterrados. As sepulturas foram cobertas com pedras.
O povo saiu em silêncio. Três dias depois, ainda guardavam o luto quando colocaram um pote com água no centro do acampamento. As pessoas se juntaram e esperaram indefinidamente. Ninguém falava nada. Era um ritual de silêncio com quase cem pessoas. Foi quando do meio da floresta, três mariposas surgiram. Voaram de um lado para outro, sob os olhares sérios das pessoas daquele povo e desceram no prato, onde beberam água. Enfim, levantaram vôo e retornaram para a floresta.
Em silêncio, o povo cigano desmontou as barracas, reuniu os acampamentos e se separou. Cada comitiva seguiu seu curso, cheios de tristeza e resignação.
Na floresta, ao lado da cachoeira, ficaram para trás as duas sepulturas. Duas placas cuidadosamente talhadas estampavam o nome dos três:
Ephraim Kovankzionish
Alexander Kovankzionish
Sandra Rosa Madalena
FIM
Este conto foi uma homenagem à musica do Sidney Magal.
ESPETACULAR!!!!!!!!!!!!
Esperei o fds todo para ler o final.
Parabéns mais uma vez!!!
* Ainda no aguardo do livro do mundogump
MARAVILHOSO!!!!!!!!!!:love:
SEM PALAVRAS!!!!!!!!!:ohhyeahh:
Parabéns, Philipe!!!
Muito Bom. Tragédia mesmo…
P0rra matei quase todo o elenco, hehehe. Eu ia fazer uma avalanche destruir a aldeia toda lá no finalzinho, mas achei que ia quebrar o clima melancólico.
Meus sinceros Parabéns Philipe, fiquei ancioso para ler cada parte, me surpreendeu o tempo todo. Muito bom mesmo, aguardando os próximos contos!
Parabéns Philipe,
Ótimo conto!
Muito bom, dava pra voce escrever uma novela das 8 na globo ja, so que o final teria de ser totalmente difente e muito triste(NÃO COMERCIAL), Parabens.
Qual é a musica do sidney magal?
Botei a musica no post pra facilitar. A musica chama Sandra Rosa madalena. Um hit clássico da década de 80.
Muito Legal!!! Da onde veio toda essa inpiração?
Acho q dava pra fazer uma novela, minisérie, ou até um filme, que tal? E depois desse, você poderia escrever outras história que virariam filme, já que vc tem uma parte de crítco sobre filmes, hehehe.
Garanto que deve ter escrito essa história escutando o som do Sid:
“Quero vê-la sorrir, quero vê-la cantar
Quero ver o seu corpo dançar sem parar
Quero vê-la sorrir, quero vê-la cantar
Quero ver o seu corpo dançar sem parar.”
Eitarrouw.
Verdade. Tive a idéia ouvindo a musica. Fiquei imaginando a cigana dançando e resolvi escrever uma história pra ela. Vou mandar pro Magal.
Boa!!!
Se acaso mandar, nos conte oq o Sid falou, hehehe!!!
Mandei. Vamos ver, quem sabe o próprio Magal não comenta aqui o que ele achou, né?
Wow! Um fim perfeitamente Shakespeareano, praticamente um Hamlet cigano!!
Muito bom!!
Bjs! :lol:
Essa era a idéia. Fico feliz que deu pra sentir.
Philipe você me deixou sem palavras muitas vezes mas dessas vez tô sem palavras mesmo cara. Eu não consigo acreditar que ainda não saiu o livro do mundo gump! Quando sair eu vou comprar!
VOCÊ É O MELHOR!!!!! :happy: :D :lol:
Fico muito lisonjeado, cara. Valeu mesmo.
Um PUTA dum excelente conto ! Merece entrar na seção MELHOR DO MUNDO GUMP e sem dúvidas no futuro livro. Parabéns novamente por mais essa obra prima!
Valeu mesmo, cara.
Palmas, muitas palmas
confesso que pensei que esse conto ia ter um final tipo ” e viveram felizes para sempre”, mas cara PQP foi de lascar.Fui surpreendido, e isso que é legal.
Resumindo: FOI SHOW !!!!!!
MUNDO GUMP EU LI TUDO
muito show ,mais aquele o caçador ficou o melhor de todos to esperando a parte 3
coming soon!
Bem legal o conto, Philipe. A idéia de contar a história da Sandra foi ótima. ;]
Ponto forte: O personagem Dimitri e a tragédia no final.
Ponto fraco: O pior clichê de novela (sonífero e simulação de traição).
Maravilhosooooo…parabens!!!
só hj que tive tempo para ler a ultima parte, mas tudo bem…VC é o melhor!!
E aí o que o Sid falou? ele respondeu?
Não recebi nenhuma resposta.
A única coisa que não gostei foi o monte de desgraça que aconteceu no final. Quando o Magal ver isso vai ficar horrorizado no final.
Se o nome é Tragédia Cigana vc queria que acontecesse o que?
Mas eles terminaram felizes para sempre (na terra do pé junto) hahahaha
Mais uma vez parabéns Philipe… seus contos são fascinantes. Abraços
Fico feliz que goste, Alessandra.
sem comentários, muito bom
Aplausos
PARABÉNS!!!
Nossa !!! maravilhoso!!!! chorei mt no final
ESCRITOR BRILHANTE!!
PARABENS!!
Brigado Neto. Fico feliz que tenha gostado.
Muito legal a história, um pouco triste, mas legal…
Qual a moral de passar um tempo lendo este conto se a porra nao teve moral nenhuma só morte coisa que nao tem nada a ver!!!!pq dessa palhaçada já li todos os contos e esse é o mais podre
Cala boca, Matheus!
Nem toda história tem moral.
História ótima, mais de 10 anos depois cá estou eu presa nos contos