David sentou no chão do heliporto. Não podia acreditar no que seus olhos viam.
Alice estava parada ao sol. Tinha o mesmo olhar perdido dos mortos. David olhou pra ela. Dava pra ver que ela já começava a perder a cor. A ponta dos dedos já estava amarelada.
Se ele pudesse, teria chorado. Sentia-se responsável por aquilo. E agora? O que fazer?
David levantou-se foi até Alice e a sacudiu. Ela não disse nada. Nem gemeou ou teve qualquer reação. Era como sacudir uma boneca.
David estava desolado. Alice estava morta. Ao contrário dele, que fosse por qual motivo fosse, ainda estava preso naquele corpo de zumbi, Alice havia partido. A doença nela teve o mesmo efeito que tinha nas outras pessoas. Alice ficou retardada.
David agarrou a moça pela mão e saiu arrastando. Ela foi com ele, sem esboçar reação.
David foi até a parte da cisterna, pegou o vestido da mulher do fazendeiro. Vestiu em Alice. Ele também vestiu a roupa preta e o sobretudo de Edson. Pegou o machado numa mão e Alice na outra. Desceu as escadas.
David ia puxando Alice pelo braço, escada abaixo. Enquanto andavam em silêncio, na escuridão do prédio, David pensava sobre o que fazer com ela. Seus planos teriam que mudar. David já não poderia mais levar Alice para o abrigo dos sobreviventes como estava planejando. Agora restava apenas aquele corpo. Enquanto descia as escadas carregando a mulher, David Carlyle pensava se devia ou não levar Alice com ele. Talvez fosse melhor deixá-la no prédio. Talvez fosse melhor executá-la de uma vez com o machado e acabar com tudo. O corpo era como uma capsula vazia onde a essência de Alice já não estava mais contida.
Quando chegaram no quinto andar, David estava decidido a se livrar do corpo da zumbi.
Puxou a moça pelo braço até a sala. Parou na frente dela com o machado. David olhou bem nos olhos de Alice e sentiu um profundo remorso por ter causado aquilo. Olhou a mulher, ela continuava linda, apesar de morta.
David empunhou o machado disposto a liquidar com ela. Teria que ser um golpe rápido, certeiro, na cabeça, ou talvez no pescoço. Pensou em Alice como um perfume raro num belo frasco de perfume. Quando o líquido preciso se esvai, só resta o frasco, a lembrança morta de algo realmente importante, que já não estava mais lá dentro. E o destino dos frascos de perfume, por mais belos e bem feitos que eles sejam, é o lixo.
David puxou o machado para trás e preparou-se para desferir o golpe. Alice olhava para o machado que iria esfacelar seu crânio sem esboçar qualquer reação.
David não conseguiu.
Jogou o machado longe e saiu de perto dela. Foi até a janela. Ele não podia. Não podia fazer aquilo com ela. Ele sabia que Alice já não estava mais lá naquele corpo, que agora ela era apenas carne animada quimicamente, mas as lembranças, essas nunca iriam acabar. David não queria ficar com a lembrança de dar uma machadada na mulher que amava. Ele precisava dar ao corpo dela um final digno. Em favor da memória da mulher que amou, ele não iria largar o corpo dela em qualquer lugar.
Olhou para a rua. Já havia bem menos mortos andando nos arredores do prédio. David pegou o machado, agarrou Alice pelo braço, e foi para as escadas que davam no saguão. A escada tinha uma grossa grade de aço com um cadeado enorme fechando o acesso.
David mirou no cadeado e desferiu três violentos golpes com a cabeça do machado. No terceiro golpe, o cadeado se partiu. Ele abriu o portão gradeado e desceu as escadas, puxando Alice.
Minutos depois, David estava nas ruas, puxando Alice pela mão. Passaram por entre os mortos que cambaleavam sem destino. Nos cantos eles viam zumbis parados e trêmulos. Eram os que não comiam.
Agora David e Alice também caminhavam pela cidade sem destino. Não havia mais qualquer sinal de emoção ou afeto entre eles. Eram apenas dois corpos, de mãos dadas, andando pela cidade.
Eventualmente, David via ao longe os zumbis se acotovelando em bolinhos. Ele sabia o que aquilo significava. Eles haviam conseguido algo para comer.
A cidade estava infestada de urubus, baratas, e muitos ratos. Milhões deles. Os ratos ploriferavam velozmente e com a quantidade enorme de comida, ossos e sujeira por todo canto, eles tomaram conta da Terra. O planeta agora era deles.
David parou com Alice perto da entrada de um cinema. Na placa, o nome de um filme. Mais um block buster.
O zumbi sentiu saudades do tempo em que ainda era gente, e podia ir ao cinema.
Do outro lado da rua, viu um parquinho. Cerca de umas quinze crianças estavam lá. A maioria em pé, na areia, olhando para o nada. Mas umas duas ou três estavam nos brinquedos.
David observou a tendência de alguns zumbis que reproduzirem mecanicamente certos comportamentos. Havia uma criança loura que era movida de leve pelo vento, num balancinho. Olhando por trás, parecia até uma menina sã. Mas David sabia que não era, pois qualquer carne limpa num raio de quilômetros do centro já havia sido comida.
Triste ver uma criança morta balançando num brinquedo. David olhou para Alice e se perguntou até que ponto ele também não estava a repetir essas ações instintivas humanas. Por que havia vestido a moça? Num mundo onde não restava nada senão pedaços de corpos pútridos andando por aí, buscando carne para comer, qual o sentido de colocar a roupa num zumbi?
“Eu podia ter deixado ela pelada. Pelo menos ia ser melhor de ver do que este vestido de bolinhas horrendo.” – David pensou.
David sentou Alice no banco da pracinha. Sentou ao lado dela.
Ela não tinha nenhuma reação.
“Que merda. Olha só pra você. Olha só no que deu…” – David pensou olhando a moça bonita.
Deu um tapa na testa dela.
Alice olhou para a mão dele, reagindo ao tapa, mas não esboçou qualquer reação. Não se protegeu, não abaixou. Ficou apenas olhando. David deu outro tapa. Ela repetiu o comportamento.
“…Uma completa idiota.” – Ele pensou.
“Eu posso passar o dia dando tapas na testa dela e ela não vai reagir.”
David ficou ao lado dela, sentado no banco da pracinha, vendo os zumbizinhos balançando ao sabor do vento.
Tudo estava parado, e o silêncio se estendia em longos e arrastados períodos. Sem Alice viva, a agitação da vida deles havia ganhado outro ritmo. David não pretendia se afastar muito do prédio, pois sabia que lá no alto nos freezeres havia carne humana, e isso iria garantir sua sobrevivência sempre que ele precisasse.
E foi assim que os dias foram passando. David todo dia descia com Alice, até a pracinha, onde olhavam as crianças paradas no parquinho como pequenas estátuas. Eventualmente, David trazia embulhado em plastico, pequenos nacos de carne, que dava para a menina loura do balancinho.
Semanas após semanas aquela rotina se repetia. Eventualmente estava sol, eventualmente estava chovendo. Ou ventando. Mas David e Alice iam até o mesmo banco da pracinha no final da rua, onde após ficar algum tempo contemplando o nada, olhando para as árvores balançando e o laguinho de peixinhos. Eventualmente pulava um peixinho ou outro. Muitos dias eram iguais e após semanas e semanas repetindo aquilo, como um filme, David já não tinha mais a noção do tempo. Ele só conseguia mensurar a passagem dos dias porque lentamente a carne do freezer foi acabando.
A menina do balanço havia sido domesticada. Ela agora seguia David e Alice sempre que eles iam até o predio.
David não pensava naquela vida como algo tão ruim. Era solitário, mas ao mesmo tempo ele tinha uma companhia. Eventualmente, sobretudo quando comia muita carne, David sentia-se são. Alice também se tornava mais e mais ativa sempre que David dava carne demais para ela. Por precaução, e para evitar o frenesi, David sempre trancava as duas na sala de reuniões. Ele ia até o andar do terraço sozinho para pegar a carne. Ele havia tomado esta decisão quando num dos primeiros dias, Alice o viu pegando a carne. Quando ele abriu o freezer, e o cheiro gelado do sangue inundou o ar, Alice correu grunhindo até o mesmo e saltou com meio corpo lá pra dentro, comendo como um animal. David precisou surrá-la para conseguir afastar Alice de dentro do freezer.
A cena havia sido muito forte pra ele. Durante dias David não esqueceu daquilo. Foi naquele dia que ele realmente perdeu todas as esperanças de que a mulher que amava fosse diferente. Ela era tão zumbi quanto o faquir da machadada nas costas, ou o gordão da delicatessen.
Num dos dias em que ele havia subido para buscar a carne, ao voltar e abrir a porta da sala de reuniões, deparou-se com uma cena peculiar.
Alice estava de mãos dadas com a menina do balanço.
David se surpreendeu. Como era possível?
Aquilo ficou na cabeça dele por um tempo, e ele começou a teorizar sobre o fato de arrastar Alice para cima e para baixo de mãos dadas. Talvez ele tivesse criado um mecanismo de reflexo simples nela e na busca por alguma forma de conforto, ela tivesse agarrado na mão da menina. O fato é que quilo passou a se repetir. Sempre que David deixava as duas sozinhas, uma agarrava na mão da outra.
Um dia, David resolveu fazer uma experiência. Ao se levantar do banco da praça, largou Alice para trás. Ele tinha esperanças que a moça se levantasse, que ela o seguisse na direção do prédio, onde sabia que iria ganhar carne. Mas ela não fez nada disso. Nem a menina do balanço.
David foi até o prédio, pegou a comida, colocou nos sacos e voltou. A cena estava exatamente parada do jeito que ele havia deixado. Então no dia seguinte, ele repetiu aquilo e durante uma semana, passou a deixar Alice no banco da praça. Arrastar a moça era trabalhoso, era lento e cansativo. Por estar sozinho, ele podia correr pelas escadas e fazer as coisas mais rapidamente.
Certo dia, David deixou Alice para trás, no banco da pracinha como vinha fazendo. Ele foi até o prédio. Pegou a carne. Colocou no saco plastico. E retornou.
Quando retornou, não havia sinal de Alice. O banco da praça estava vazio. A menina loura continuava no balanço, mas Alice havia sumido.
“Ué. Cadê ela?” – David se perguntou. Ele olhou em volta. Não havia sinal de Alice.
David andou pelas cercanias do parquinho, tentando ver se encontrava Alice, mas não viu nada.
“Porra, onde que ela se meteu?” – David estava encucado.
Alice nunca havia demonstrado qualquer sinal de independência. O fato de David alimentar a mulher mantinha a dor da zumbificação em permanente estado de dormência. Isso fazia com que ela se mantivesse totalmente submissa e apática. Os zumbis só ficam ativos em busca de comida e por alguma razão desconhecida, ela não estava ali.
David foi até o prédio, refez o caminho, mas não viu sinal da moça.
“Mas que merda. Eu perdi a Alice.” – Pensou.
David tinha medo que ela tivesse saído andando por aí. Seu medo era plenamente justificável. Em sua ronda pelo centro em busca de ajuda dias atrás, David havia testemunhados atiradores estourando a cabeça de zumbis por mera diversão. David pensou que talvez uma horda de mortos tivesse passado por ali, e Alice acabou se juntando a eles.
Ela podia estar em qualquer lugar da cidade e não haveria nada que ele pudesse fazer. Não havia para quem pedir ajuda. David passou a vagar pelos arredores do coentro, sempre em busca de ver Alice.
Dia após dia, noite após noite, ele perambulava pela cidade tentando encontrá-la. Passaram-se vários dias de busca, sem sucesso. Mas num desses dias, David viu um pedaço do vestido de bolinhas voando no vento.
David correu até o local onde ele caiu e constatou que era mesmo o vestido da fazendeira ruiva.
Alice devia estar por perto.
Ele passou então a entrar nos prédios e sempre que a entrada estava bloqueada, David Dava um jeito de conseguir uma entrada. Fosse saltado de uma marquise para outra, fosse invadindo as construções pelo esgoto. David sabia que havia vários dias que Alice estava sem comer carne humana e à aquela altura, ela estaria muito fraca, provavelmente estática, tremendo violentamente, sentindo a pior dor que poderia sentir. David sentiu-se grato pela primeira vez ao fato da mulher não ter consciência da própria existência.
Ele havia adentrado diversos prédios, sem sucesso. Mas num dia, a sorte mudou.
David notou uma casa de dois andares, que era espremida entre dois prédios. A casa era cinzenta, cheia de pichações, e as janelas do andar de cima tinham marcas de fuligem, indicando que já havia sido incendiada. No pequeno jardim da frente, uma árvore seca dava um aspecto assustador ao lugar.
David resolveu entrar na casa. A porta estava trancada com uma corrente. Aquilo era altamente suspeito.
David então resolveu subir na árvore seca, de onde saltou para o telhado do beiral da varanda. E dali conseguiu adentrar uma das janelas. O andar de cima estava todo escuro, carbonizado. Ele andou entrando nos cômodos, e tudo era escuro. O cheiro de queimado ainda estava presente. Havia corpos carbonizados no que restava das camas de ferro. Certamente a casa pertencia a alguma família ou grupo que cometera suicídio coletivo. À medida que avançava pela casa, David notou que o fogo não havia se alastrado, e destruíra apenas parcialmente os dois cômodos do andar de cima.
David viu uma escada de madeira no final do corredor e desceu para o primeiro andar. Ele estava muito sujo.
Havia uma porta marcada com um X vermelho, sem fechadura ou maçaneta, que estava fechada com um maço de folhas de jornal dobradas. David empurrou a porta e levou um susto.
Naquela sala estavam quatro toneis. Em cada um deles havia uma mulher. Todas elas eram zumbis. Algumas estavam em piores condições que outras. Mas todas eram bonitas. Ali estava Alice, ao lado de uma negra, uma oriental muito bonita e uma jovem menina que não devia ter mais que treze anos. Todas elas estavam do mesmo jeito. Nuas. Amarradas de bruços nos tonéis.
Alice estava atada com cordas nos braços e nas pernas. Estava presa de bruços nu dos tonéis. Nua.
Ao redor da sala, David viu caixas e caixas de camisinha. Várias seringas também estavam espalhadas pela sala, jornais velhos, um colchão que era apenas espuma e centenas de latas de cerveja. Baratas corriam por todos os lados. Tinha inúmeros preservativos estavam jogados pelo chão, ao redor do latão.
David olhou a cena e percebeu que alguém havia raptado Alice, levado para aquele lugar decadente no final da rua. Alice não estava trêmula. Era sinal de que ela vinha sendo alimentada constantemente.
David olhou ao redor. Foi até Alice. Ela estava com um pano grosso cortado do vestido amarrado à boca. Certamente para que não pudesse morder. Ela rosnava baixinho.
David olhou para ela no tonel.
“Pobre coitada. Nem depois de morta…” – Ele pensou. Foi até o corpo e começou a usar a lâmina do machado para tentar libertá-la.
Então surgiu um barulho no fim do corredor. Alguém estava abrindo as correntes. David pegou o machado e correu pelas escadas para o andar de cima, na tentativa de se esconder.
Ocultou-se num banheirinho infecto. De lá ele escutou a voz de dois homens. Eles pareciam nervosos e estavam discutindo.
-…Você tem que parar com esta merda, cara.
-Porra, não enche, cara. Eu injeto o quanto eu quiser. Vai tomar no seu cu!
-Cara isso vai te matar, Ramón.
-Eu tô te pedindo dinheiro pra comprar? Eu te pedi dinheiro emprestado, seu bosta? Não, né? Olha em volta, pau no cu! O mundo acabou, cara. ACABOU! Eu uso o que eu bem entender e você não tem nada com isso.
-Cê que sabe, Ramón. Quem avisa amigo é. Eu só quero ver o que você vai fazer quando a droga acabar. Quando não tiver mais o que injetar.
“Viciados” – David pensou. – “Eles estão usando o prédio como uma junk house…” – Lá em baixo, a discussão continuava.
-Adbul, não enche o meu saco. Vai comer a sua gostosa lá, vai. Me deixa aqui curtindo um barato. Toma, pega aqui a carne delas, ó. Leva lá e me deixa em paz.
Houve um período de silêncio.
David não escutava nada no andar de baixo já tinha vários minutos.
David saiu do banheirinho e olhou pela fresta da escada. De lá ele viu um cara de chapéu preto, que estava enfiando uma agulha no braço.
David ficou olhando e lembrou-se de quando era um viciado assim. Vivia pela droga. Vendia drogas para sustentar seu vício. Quando não tomava a droga, David sentia a pressão baixar, e era uma merda aquilo, pois ele passava mal, vomitava, suava frio, e não achava a maldita veia. Nesses casos, algum amigo precisava injetar a heroína direto na carótida dele. David sabia a escravidão horrenda que a droga causava. Ele sabia que sua vida de zumbi era muito similar a vida de um viciado em heroína.
O cara estava agora fora do ar. Estava de olhos fechados, deitado num canto do corredor, um sorriso bobo no rosto. Ao lado dele, havia um fuzil M16.
David desceu em silêncio. Olhou em volta. Era mesmo só os dois. O viciado parecia mexicano. Tinha a pele bastante castigada pelo sol. Ele tinha uma cicatriz feia na cara. David chegou perto, e o cara escutou os passos, mas não abriu os olhos.
-Abdul… Já falei, cara. Me deixa… Me deixa em pazzzzzzz. – Disse, doidão.
David ergueu o machado e já ia desferir o golpe quando desistiu. Ele cuidadosamente tirou o chapéu preto da cabeça do mexicano e colocou na dele. Então o sujeito abriu os olhos.
-Mas… Que merda é essa Abdu… SANTA MÃÃÃÃÃÃE DO CÉU!
David deu a machadada na cabeça do viciado. Os miolos espirraram na parede. David ficou prestando atenção para saber se o grito do mexicano havia sido escutado. Mas não havia nenhum som além de uma musica abafada que vinha do fim do corredor. Ele viu que aporta marcada com o X estava novamente fechada com o chumaço de jornal. Ele foi até lá e olhou pelo buraco de onde deveria ter uma maçaneta.
Viu o sujeito fazendo sexo com a menina pequena. Um radio de pilha tocava uma fita cassete de rumba. David notou que o sujeito estava fazendo sexo com as zumbis.
“Drogados pervertidos de uma figa!” – Pensou. David notou que ao lado do radio de pilha, na parede, havia outro fuzil M16. O sujeito fazia sexo anal na menina, que parecia completamente alheia ao que ele fazia. Ele começou a ficar mais e mais ofegante. Chegou ao orgasmo. Tirou o pênis de dentro da jovem menina, e arrancou a camisinha.
De lá ele gritou:
-Ei Ramón… Precisamos arrumar outra garota, cara. Essas aqui já estão ficando largas demais… Não aguento mais comer a Shun Li… Ei, Ramón? … Ramón, estou falando com você, babaca! … Porra, maldita heroína!
David viu o sujeito acariciando a bunda de Alice.
-Porra, essa aqui é muito gostosa… – Ele disse esfregando o dedo em Alice. Depois ficou olhando as marcas do chicote nas costas dela. – Quem será o idiota que marcou essa potranca assim?
David voltou até o corpo de Ramón. Pegou o M16 e destravou.
Foi até a porta. O sujeito estava novamente colocando uma camisinha.
David meteu o pé na porta.
O maluco deu um berro com o susto e acabou jogando a caixa de camisinhas para o alto.
David apontou o M16 pra ele. Esmagou o gatilho com o dedo e a arma cuspiu uma saraivada de balas que atingiram o peito dele.
Abdul caiu pra trás estatelado, com vários furos no peito.
David foi até Alice. Acariciou a bunda dela. Era lisinha, redondinha.
Ele pegou o machado e cortou as cortas que a prendiam no tonel. Ajudou Alice a levantar. E ela ficou parada olhando opara a parede.
David abraçou a zumbi. Mas ela não retribuiu. Estava dura. David afastou-se. Virou para olhar as outras mulheres. Todas elas eram zumbis.
“Pra que soltar essas aí?” – Pensou.
Nisso, Alice pegou na mão dele. David Carlyle levou um susto. Por uma fração de segundo sentiu a esperança de que ela tivesse algum lapso de consciência, mas percebeu que era o reflexo simples. Alice subitamente arregalou os olhos. E virou-se para o corpo de Abdul.
David tirou-lhe a mordaça e ela saltou sobre ele metendo o dente co corpo dele. Comendo-o como um animal.
“Vocês também tem direito” – David pensou. E então soltou uma a uma as quatro mulheres. No segundos eguinte, um bolinho de mulheres peladas cobertas de sangue se locupletava na carcaça sanguinolenta do árabe.
Davdi saiu e foi até o corredor. Ele Abaixou-se de frente para o morto. Meteu os dedos nas órbitas e retirou os olhos. Colocou-os na boca e estourou para sentir o caldinho cremoso que tanto apreciava. Depois, agarrou o corpo de Ramón pelo colarinho e trouxe até a sala. Jogou o corpo para as mulheres. Elas saltaram sobre ele, gemendo e babando. Demonstravam grande prazer ao comer. Ao fundo, a rumba tocava, animando a suruba necrofágica das mortas.
David sentou-se no pedaço de espuma e ficou ali contemplando a beleza da carnificina.
Ele esperou até que já não restasse muito além de ossos. Levantou-se pegou o machado e puxou Alice pelo braço. Era difícil arrancar a zumbi de sua farra alimentar. Ele precisou dar uns bons puxões nela para conseguir que ela o seguisse.
Voltou pela rua, arrastando Alice pelo braço. Ela estava nua, toda suja de sangue. Seus cabelos estavam emplastrados de sangue parcialmente coagulado.
David sentou com ela no banquinho da praça. A menina loura continuava a balançar empurrada pela brisa.
Naquele dia, David percebeu que não poderia mais deixar Alice sozinha. Era perigoso.
David ficou ali. Parado. Pensativo. Olhava a menina loura no balanço. Parada, parecia uma pequena boneca.
Era exatamente isso, uma mera boneca, de carne.
David ficou ali na pracinha ao lado do corpo ensanguentado de Alice, contemplando o tímido vai-vem da menina. Só havia o som do vento nas árvores da praça e eventualmente o gemido de algum zumbi que passava pela rua.
-David Carlyle! Eu não acredito! – David ouviu uma voz surgindo da rua.
Quem Será o conhecido?
OMFG!
Muito bom, Philipe. Merece um livro esse conto. Merece uma série, na verdade.
Essa parte veio rapidinho. Eu não sei quem e o conhecido, mas acho que ele vai ver uma surpresa. Hahaha.
Pena. Eu moro em Floripa, teria muito prazer em te conhecer pessoalmente. Mas infelizmente, terei de viajar também. Pena. Sou teu fã a uns 3 anos. Ou mais, não sei. Está demais a tua história. Nível internacional. Tu já pensou que todo o teu trabalho na verdade pode ser uma preparação pra liberar a tua imaginação, até chegar neste ponto? E que pode ser só o começo? E que tu está revolucionando o mercado editorial?? Isso já se fazia com os jornais. Muitos livros foram lançados assim. E as histórias em quadrinhos também. Talvez tu esteja começando uma nova era??/
pena que eu não vou ganhar a camiseta, moro em caxias – rj
Philipe… sou um grande admirador do MG. Particularmente acho que vc escreve bem para caramba. Não estou reclamando do texto, mas sinto falta dos relatos em primeira pessoa. As histórias da tua vida, fictícias ou não, são muito boas.
Sei que este não é seu trabalho formal, e que não tenho o menor direito de solicitar mudanças em algo que você mesmo descreve como “diversão” (escrever no MG). Mas fica a dica.
Abraço, Elvis
Acabo de ler uma notícia que me fez lembra na hora do David e Alice, é sobre o lançamento de um filme baseado no livro Warm Bodies.
Sinopse: A história se passa num cenário pós-apocalíptico e tem como foco um zumbi em crise existencial que faz uma amizade improvável com uma humana, a namorada de uma de suas vítimas. O envolvimento dos dois acaba despertando uma reação em cadeia que causa uma transformação nele e nos outros desmortos.
O filme ja esta sendo considerado como um Crepusculo com Zumbi pelo fato do zumbi se envolver com uma humana e a Summit Entertainment produzi-lo.
Fonte: http://www.omelete.com.br/cinema/warm-bodies-nicholas-hoult-vai-protagonizar-historia-de-amor-zumbi/
Eu conheço o seu blog há pouco menos de três meses e já li todas as historias. Quando você começou com a historia do zombie eu pirei, entro pelo menos umas 5 vezes por dia para ver se saiu uma nova parte.
Ta muito legal a historia, só achei MUITO mais forçado o cara ser um zombie humanizado. E depois a Alice não ser contaminada com a saliva na Cabana, mas na cobertura ser contaminada pela saliva ou pela dst. huiaiuahaiua
isto agora e so zombis zombis zombis, já nao tem nada de ineteressante
Porra tem mais de três mil posts aqui no blog, meu.
Cara, que fixação tu tem por estupro, quando Alice era humana ainda vá lá, mas será que nem zumbi ela seria perdoada? Eu q não enfiava meu p** num zumbi, lol
A ideia é exatamente esta. Parabéns pela perspiscácia. Eu não tenho fixação por estupro. Nas fazendas do interior, em lugares que tem pouca mulher, as pessoas fazem sexo com animais. Qual a diferença entre trepar com uma galinha, um cavalo e um zumbi? Sobretudo quando o tecido da polidez e controle social se esvaiu, dixando o planeta na barbárie? Creio que é o que aconteceria.
Aguardando ansioso a parte 20. O negócio tá cada vez melhor… Abraços
AHH chega logo parte 20… aliás, não é que eu queira que chegue ao fim por estar ruim, longe disso, mas vai ter muitas partes ainda? É que cada ‘continua amanhã’ é um soco no estômago, huahauha.
amanhã acaba! Cheguei de viagem agora.
Se vossa senhoria acabar esta história no cap 20 terá meu ódio para todo o sempre.
… Brincadeira.
Mas falando sério, uma parada boa como essa merece ter mais de 20 capítulos.
Concordo com vc. Nunca vi um conto melhor q esse.
merece +20 capitulos!
Eu tambem queria mais de 20 :( mas tudo bem, sei que não é facil criar cada episódio.
Mas conforme já falei em um outro conto, vc deveria pegar mais leve no sotaque carioca, nesse caso em que eles estão na Europa, pior ainda.
Nem todo o Brasil fala carioques XD
Eles estão em Atlanta nos EUA. O sotaque carioca tem que ser convertido mentalmente para sotaque gringo, na medida em que não estou escrevendo a história em inglês. Nessa etapa eu preciso contar com a imaginação do leitor.