Casas de concreto e realocação social

Faz alguns dias que uma ideia não me sai da cabeça. De vez em quando estou distraído e me pego com a ideia fixa a me martelar os miolos.

Isso é estranho, porque a ideia que eu tenho demanda um conhecimento químico que me falta completamente. Daí que eu resolvi expor isso aqui, para caso alguém tenha uma ideia complementar, quem sabe sai um produto que possa ajudar as pessoas pobres e aos desabrigados pela chuva.
Basicamente, é uma ideia que envolve a mistura de componentes químicos que fazem o poliuretano de expansão.
O poliuretano de expansão é formado quando dois líquidos são misturados. Quando isso acontece, uma violenta reação química tem lugar, gerando uma espuma que cresce absurdamente (igual “A coisa” dos filmes B dos anos 50) e quando ela para de crescer, endurece, formando uma espuma que pode ser rígida, muito rígida ou flexível (tipo a espuma da cadeira em que você certamente está sentado agora), dependendo dos componentes da fórmula, ele tem durezas e propriedades específicas. MAs o mais legal é que misturou, ele cresce! Veja o video pra entender:

Depois que mistura, o bagulho cresce feito um ser vivo, e se a forma não for aberta, ela pode explodir devido a pressão. Depois que ele endurece pode ficar duro feito madeira. O funcionamento da expansão se dá porque o material forma bolhas de gás que após a cura do material (poucos segundos) se torna rígido, oferecendo uma superfície dura e ao mesmo tempo de ótimo isolamento. Não é por outra razão que o interior da sua geladeira, atrás da parte plástica que você consegue ver, está cheio disso.

image4 | Ciência | arquitetura, casa, concreto, construção, obra
Tijolos de concreto celular

Bom, agora vamos ver outro material, o concreto celular. Se pararmos para olhar de perto, o concreto celular é parecido com o poliuretano, com a diferença que no poliuretano ele endurece em segundos, e o concreto celular leva algumas horas. O concreto celular é leve porque está cheio de ar. Este material é feito com uma mistura de cimento com materiais silicosos, em especial o silicato de cálcio.

Por não ser sólido ele não serve para estruturação, mas substitui bem o tijolo de barro. E é muito barato. Basicamente ele seria uma espécie de “Sulflair” (o chocolate)  de concreto. Ao olharmos de perto, ele é assim:
celular foam | Ciência | arquitetura, casa, concreto, construção, obra

Bom, dito isso, a ideia que me ocorre e que eu nem sei se é factível é descobrir uma maneira de fazer o concreto celular se comportar como o poliuretano de expansão.

Qual seria a vantagem disso?

Velocidade! Imagine a seguinte situação, você perdeu tudo, sua casa ruiu com as chuvas e agora você não tem mais onde morar. è uma merda, milhares de pessoas passam por isso devido a tragédias naturais todos os anos no Brasil e no resto do mundo. O que as autoridades fazem (mal e porcamente) é remover esses desabrigados para escolas (que não deveriam se prestar a isso) e pagar aluguel social para que elas morem em outros lugares, muitas vezes em casebres ainda mais precários que os que elas perderam.
Há um problema aqui que talvez pudesse se resolvido com um material que fosse ao mesmo tempo barato de produzir e rápido de usar.

Agora vou puxar uma outra ideia, que não é minha, mas sim do inventor da lâmpada aí no seu teto. O cara é Thomas Alva Edison, um dos maiores inventores de todos os tempos. Em 1908, Thomas Edison teve uma ideia que foi uma das poucas ideias dele que não deram certo: Uma casa de concreto.

casa de concreto | Ciência | arquitetura, casa, concreto, construção, obra
Edson e a maquete da casa de concreto

Na verdade, quando um invento não dá certo, não significa que a ideia esteja errada. Muitas vezes, ela está apenas fora do tempo. E é isso que eu acho que ocorreu com a ideia de Edison da casa de concreto.
Basicamente ele pensou no seguinte, o concreto, um material relativamente novo na época, podia ser misturado e moldado e endurecia até mesmo debaixo dágua! Ele é um material versátil resistente pra dedéu e relativamente fácil de controlar. Edison recebeu autorização de patente da casa de concreto em 1917, o que significa que ela caiu em domínio publico faz tempo.
A ideia era até simples, imagina que o cara mandou fazer uma serie de moldes de aço, a partir de uma casa vitoriana real, como podemos ver na maquete.

Um dos problemas ao meu ver é que naquele tempo, a casa bonita tinha que ser em estilo clássico, com um monte de detalhes e rococós que hoje simplesmente não existem. Aliás, hoje estamos justamente no oposto desta estética, e uma casa moderna é assim:

Uma casa moderna. Compare com a casa do Thomas Edson

O Thomas Edson conseguiu fabricar os moldes em aço, e eles eram modulares, de forma que as casas poderiam ser customizadas em diferentes formatos, quebrando a mesmice visual, um luxo que absolutamente ninguém que mora em conjuntos habitacionais costuma ter.
O segundo problema da ideia do Edson é que ele sofisticou muito a parada. Uma única casa dele podia ter até 500 pedaços diferentes que tinham que ser conectados manualmente antes de derramar o concreto. Ele usava a força da gravidade para alimentar a forma com o concreto liquefeito, e isso era feito do teto, manualmente, pois naquele tempo, não havia ainda as bombas de encher laje, hoje capazes de encher as lajes de prédios como este numa taxa de um anadar por dia:

Shanghai World Financial Center 1 | Ciência | arquitetura, casa, concreto, construção, obra

Edson fez muitos experimentos, aperfeiçoando a mistura de concreto, mas naquele tempo, sem a tecnologia que temos hoje, era tudo na base do ensaio, tentativa e erro. Ainda assim, ele conseguiu formular o concreto de modo que após desmontar a forma, a casa não precisava nem de massa corrida! Era pintar, entrar e morar.
O maior problema de todos é que os moldes, feitos em aço para aguentar o rojão, custavam caro, e por serem detalhados, quase obras de arte, precisavam ser de níquel e bronze em algumas partes. Isso encareceu dramaticamente o conceito dele. Até porque como eu disse, uma única casa precisava ter 500 peças. Isso fazia demorar muito tempo para montar a fôrma.

"Enchendo" a casa
O conjunto de fôrmas costava U$ 25.000, e naquele tempo isso era uma fábula.
Ocorre que naquele tempo não havia nem sonho de uma forma de borracha de poliuretano, como as que temos hoje e que atualmente são usadas justamente para moldar concreto. Saca só:

Também não havia fibra de vidro, para estruturar as peças. Ainda assim, graças ao uso contínuo que as formas permitiam, Edson calculou o valor final de cada casa em míseros U$ 1.200,00! Olha a puta casa que era!
O que ferrou mais a ideia do Edson é que ele não conseguiu fazer marketing suficiente para que as pessoas entendessem que o concreto poderia realmente ser usado para fazer casas. Naquele tempo, a maioria das casas era de madeira e havia um preconceito quanto ao uso do concreto, que parecia às pessoas um material excessivamente monolítico.

casasedson | Ciência | arquitetura, casa, concreto, construção, obra
As casas de Thomas Edson estão intactas até hoje

Como podemos ver pelas fotos acima, as casas de teste que Edson construiu em Nova Jersey, Pensilvânia, Virgínia, e Ohio estão perfeitamente intactas e não dá pra saber que são verdadeiras esculturas maciças de concreto.

Hoje, o papo é outro. Temos concreto avontê, é um material barato, que pode ser bombeado com facilidade, as casas tem perfis retos, as fôrmas podem ser de borracha de PU, e o concreto pode ser aerado para baixar o custo, acelerar a secagem e diminuir o peso, requerendo praticamente nenhuma fundação. Se for possível adicionar a propriedade expansível do poliuretano de expansão ao concreto celular, eu creio que teríamos uma possibilidade factível de gerar casas populares industrialmente, na base da fôrma, levando do zero à casa pronta uma semana. Isso atenderia a uma demanda popular reprimida gigantesca e principalmente, ajudaria as pessoas que precisam ser realojadas rapidamente, e retiradas de áreas de risco.
Talvez Edson estivesse apenas muito à frente de seu tempo.

(espero que escrevendo isso a ideia de um concreto espuma expansível saia da minha cabeça)

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Philipe Kling David
Philipe Kling Davidhttps://www.philipekling.com
Artista, escritor, formado em Psicologia e interessado em assuntos estranhos e curiosos.

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Comentários

  1. Gostei da idéia, e a forma como você colocou, acho que hoje em dia poderíamos ter várias dessas soluções para ajudar as pessoas, o que atrapalha é a ignorância de nossos governantes, que só querem tirar vantagem em favor próprio. Hoje tecnologia é outra, como foi dito Edson estava à frente do seu tempo.

  2. Olá.
    Gostei da idéia do poliuretano, talvez com uma boa pesquisa possa realmente ser utilizado no aumento da produção de concreto.
    Em relação a idéia de Edson, tem um brasileiro que teve uma idéia parecido, e talvez melhor. Ele montou um fábrica de casas, literalmente. Ele fabrica a casa em um galpão, e leva as partes prontas, inclusive pintadas e com janelas e portas colocadas para montar no local em que a casa vai ficar. Assim, pode fazer várias casas por dia. A história foi publicada numa reportagem da Você S/A, em pode ser lida no link: http://vocesa.abril.com.br/desenvolva-sua-carreira/materia/pedreiro-contratou-executivo-523644.shtml

  3. E aí Kling,

    cara eu sei pouco, mas quero ajudar:

    O concreto em si é formado por cimento portland (maioria das vezes), brita e areia. Junta tudo com água e espera a cura. Basicamente quanto mais cimento se usa, mais resistente é a estrutura (desconsiderando a armadura). A brita e a areia é utilizada justamente para baixar o custo. Uma consequência de saber sobre essa mistura é: ao se montar um pilar muito alto, se você não cuidar na hora de lançar o concreto acaba ficando com uma estrutura prejudicada porque a brita foi para o fundo da forma e a capacidade de segurar o peso é alterada. Agora imagine como vai ficar a uniformidade de um concreto que está “espumando”.

    Mais um fator é que se você colocar muita água na mistura do concreto a cura não vai fechar tão bem e a qualidade vai cair. Imagine novamente o concreto espumando.

    Outro fator que eu acho que é relevante é que o custo da hora de serviço do pedreiro não é tão alta. O tijolo de barro também não, então uma parede não fica tão cara assim para ser levantada. O preço de uma obra é composto de muitos fatores (maquinário para limpar terreno, marceneiro para criar formas, profissional capacitado para projetar fundação, amostras do solo para testa-lo,…), sendo que as paredes de tijolos são apenas um dos itens, não sendo nem o principal.

    Acho que a idéia é boa sim, mas não a vejo como solução para pessoas desabrigadas por acidentes naturais.

    Abraço velhinho, espero ter ajudado.
    Mussa

    • Como eu disse no post, me falta conhecimento tácnico pra saber se é uma ideia aplicável ou não, mas a julgar pelas fotos das casas a prova de bombas do Edson nos dias de hoje, eu creio que talvez fosse possível recriar este modelo, gerando uma forma básica de casa popular. A ideia não é só baratear, mas fazer rápido um grande numero de casas.
      Imagina, com uma coisa dessas você elimina um assentamento em um mês!
      Sobre a formulação do concreto, eu não sei dizer, mas pelo que já li, sei que existem centenas de formulações com propriedades diversas, né? Tem até um concreto transparente! Já postei aqui. Só não conheço se tem algum que cresce tipo o PU.
      Sabendo a taxa de expansão dele, a formulação e pressão interna na fôrma pode ser controlada, reduzindo o espaço de aeração e aumentando a densidade do mesmo de acordo com a necessidade do “modelo” do mesmo jeito que fazemos com o PU.

    • Até me lembrei de um arquiteto ou engenheiro que inventou uma formulação de concreto gosmento, que ele lança com uma bomba sobre um balão enorme de gás. E depois de uns dois dias, ele esvazia o balão e gerou um enorme iglu de concreto, autosustentado.

  4. Olá.
    Agora eu lembrei tem uma espuma muito utilizada atualmente para fixar os quadros das aberturas das casas (portas e janelas), pelas características, creio que seja um composto a base de poliuretano.

  5. Como o Mussa disse. Paredes hoje não são 10% do problema de moradias. Paredes são na realidade o de menos. Hoje muitas casas populares do programa ‘Minha casa, minha vida’ são feita de pré-moldado. São erguidas com uma velocidade absurda ( mão de obra mais barata = lucro para construtora) porem são PÉSSIMAS ( ou nulas) no quesito MANUTENÇÃO. Imagine você la com sua casa e um dia você descobre que sua mulher está gravida de gêmeos. Uau, legal. Vamu nessa. A princípio os baguris dormem em um quarto só mas um dia a menina vai precisar de um quarto só pra ela, o menino só pra ele e o casal, obviamente quer o seu também nessa mansão de 2 quartos (maioria dos padrões do programa) Então como você arrebenta uma parede dessa? Chama a construtora e pede pra eles se virarem :D

    • NUm mundo ideal ao invés de o cara fazer um puxadinho, ele simplesmente se mudaria para uma casa de tr~es quartos e depois uma de quatro. Mas num mundo ideal as casas seriam boas, não as merdas que fazm pro minha casa, minha vida. Agora pra quem mora numa casa de papelão, como muita gente aqui no Rio, uma casa do minha casa, minha vida é palácio!

  6. Nosa Phil, então, lembra daquelas fotos da casa feita de pet? Pelo que um engenheiro me disse, elas não são tão duraveis, e depende muit do tipo do terreno e do clima. ele me explicou mas eu não saquei tudo. Vou mandar este post e quem sabe concluo alguma coisa e te falo.

  7. A idéia é interessante, mas seria muito difícil de se fazer. O governo do nosso país lucra muito com desvio de dinheiro de obras publicas. Acelerando o tempo de construção, barateando o material só traria prejuízo para os bolsos desses FDP…. Mas tomara que algum dia isso ocorra…

  8. Eu gostei das casas de isopor (um dia encomendo uma), essa idéia do concreto é boa alguém da engenharia civil ou arquitetura podia colocar uma opinião técnica aqui.

    • Se a casa fosse com um design parecido com as casas de isopor, as fôrmas de concreto expandido (já até tô dando nome pro bagulho) poderiam ser produzidas num esquema similar ao que se faz de manilha e bloquetes. O cara só precisa encomendar tantas peças do modulo tal, tantas do modulo tal e em dois dias ele com mais um ajudante monta a casa. Nem precisa ser naquele esquema do Edison que precisa montar uma fôrma gigante no terreno. Com isso, as casas passam a ser feitas em linha de produção, como os automóveis.

  9. Muito interessante esse post… acho fantástica a tua proposição, o objetivo é bastante nobre.
    Numa ocasião qualquer eu ouvi (ou li, não lembro) que probabilidade de uma ideia sair do papel e dar certo é proporcional ao número de pessoas que enriquecerão as custas da proposta. Caso muito gente fique rica, a ideia dará certo, caso algusn fiquem ricos, ou só um fique rico, talvez a ideia dê certo…. agora, como é o caso da tua proposição, muitos ricos deixem de sê-los, a chance da proposta parar na gaveta é alta.
    Haja vista a tecnologia híbrida para motores de propulsão. se fala disso a anos, mas como muitas grandes (empresas e paises) do petróleo se dariam mal…. ainda estamos engatinhando nessa empreitada…

    Aquele abraço… sou fã do blog. Elvis

  10. Uma pesquisa mais atenta mostra que as casas de concreto foram um total fail. As casas tinham problemas graves com goteiras e infiltrações

  11. Sou estudante de Engenharia Civil e coincidentemente segunda-feira vou ter uma palestra sobre “Construção Industrializada”, que é a construção das paredes e etc em fábricas e não no campo (não sei muito como é, segunda fico sabendo hehe). Já tava bem interessado no tema e agora lendo no Gump me interessei mais ainda.

    Deu até vontade de chamar um amigo que cursa quimica e fazer um trabalho sobre essa idéia sua, problema que ainda estou no 2° ano, e ainda vi quase nada sobre concreto.

  12. Philipe, sua ideia não é das piores mas teriamos q inventar um composto completamente novo pois em uma parede de concreto (que jah existe em muitas obra MCMV) a parede é formada por concreto (cimento e agregados) e aço. Pq em qualquer estrutura as tensões q teremos serão em suma de tração e compressão, onde o concreto resiste muito às tensões de compressão e não resiste nada a tração que é onde entra o aço na história. Portanto um concreto neste sentido q vc falou teria q resistir a todo tipo de tensão e sem precisar de agregados. Algo muito bacana p inventar mas p o propósito pelo qual escreveste este post tenho quase certeza de que não daria muito certo.
    Um sistema desses ainda seria muito caro, talvez daqui alguns anos. O pior problema q enfrentamos não é a falta de uma solução para esses desabrigados, pois com certeza tem muitos engenheiros com ideias interesantíssimas para novos métodos contrutivos.
    O problema maior é que vivemos em um sistema ridículo chamado capitalismo. Onde não se estuda o que vai ser melhor p os seres humanos ou o q vai agredir menos nosso lindo planeta. Não o interessante nesse sistema é lucro, e se não houver lucro pode esquecer qualquer ideia.

    Assiste um documentario que tem na internet q talvez ja tenha ouvido falar, Zeitgeist addendum. Tambem tem um zeitgeist lançado em 2010 mas nao lembro o nome, que também é muito interessante. Tenho certeza que vc vai gostar muito e vai render alguns posts.

    Desconsidera os erros de português, estou escrevendo do celular.
    Abraço

  13. Manda um barril e meio de bicarbonato na argamassa! Rs… Imagina quando chovesse.
    Putz, adoro PU, fiz um trabalho de facul com aquele negócio, era uma delícia esculpir o bicho, e lixar era terapêutico… Tirando aquela farofa desgraçada que sai dele, a estática faz o negócio grudar na pele que nem farelo de fandangos. Onde tem pra comprar blocos prontos disso, aliás? Meu pai queria fazer uns bolos Mock-Up de casamento pra alugar e tentei ir atrás pra fazer uma base redonda mas não achei aqui no interior de SP. Na Net só vi gente vendendo bloco de uns 10, 20 cm3.
    Mas voltando ao ramo de construção, eu vi em algum lugar uma impressora de casas, funciona que nem uma printer 3D mas é grande pra cacete. Será que foi aqui mesmo?

  14. Philipe, sempre vc pensa à frente das pessoas comuns, mas desta vez, está atrás.
    O concreto celular é uma mistura diferente do concreto tradicionjal que é basicamente o cimento (aglutinate), a areia (agregado fino) , brita (agregado grosso) e água. O cimento não secas, ele endurece justamente por ação da água, portanto quanto maior é a umidade, melhor é a cura. Nessa reação gera-se calor, que pode parecer imperceptível, mas em volumes grandes, é bem alta a temperatura, portanto, formas de borracha só servem para peças pequenas.
    Voltando ao concreto celular, neste não tem brita, o que reduz drástivamente sua resistência à compressão e, ainda, devemos lembrar que o concreto oferece muito pouca resistência à tração, por isso usa-se aço nas armaduras. Esses blocos de concreto celular são tão fracos que pode-se cort-a´los facilmente com serrinhas de arco.
    Para os casos de tragédias já existe solução rápida e barata, chama-se steel framing, consiste em um frame de perfis de aço cobertos com placas de gesso no interior e placas de cimento no exterior e, para as lajes, placas pré moldadas de contcreto. São muito rápidas para se montar e baratas.
    O grande problema não é a solução técnica, mas sim, ques as produza sem que haja um incentivo dos governos, nenhuma empresa vai dar nada a ninguém. Porém se o governo fizer uma compra destes kits, as empresas não só fornecem como montam e entregam em 30 dias uma casa com 60m² pronta para morar. Mas o governo se interessa em fazer essa compra?
    A casa de concreto expansivo, além de ser caríssima, pois a espuma já é cara se considerarmos o volume necessário para o total preencimento das paredes, ainda demanda o tempo de montagem das formas e de cura do concreto, que leva 21 dias para tornar-se duro definitivamente, antes disso não se pode descarregar esforços grandes sobre ele e essa é uma particularidade do cimento.
    Portanto o steel framing seria mais barato e rápido, pois o tempo que demora para montagem é do produto final e não da forma.

    Abs.

    Luiz

  15.   Philipe,  legal sua maneira de pensar “fora da caixa”  e sugerir caminhos que as pessoas não se dão conta de que existem. Também gosto de fazer isso e estou indo um pouco além, tentando trazer para minha realidade algumas destas ideias.
      Já há alguns meses estou pesquisando técnicas de construção baratas e soluções alternativas que irei empregar na minha casa, a ser construída em um terreno com declive.  Algumas ideias que já encontrei: Utilização de pneus usados para fazer muro de contenção, aquecimento da água e isolamento térmico usando garrafas pet,  caixas de leite longa vida e caixas de isopor descartadas (utilizadas para transporte de peixe), Utilização de uma árvore já existente no local como uma das colunas da casa e, motivo pelo qual estou escrevendo este comentário, fabricação de cimento leve utilizando isopor picado, que substitui a brita de pedra.
       Quando você falou na casa moldada do Edison e na possibilidade de se fazê-la tão rápido quanto o isopor se expande, lembrei disso.
       Você não faz ideia de quanto isopor se joga fora todos os dias. Praticamente todos eletrodomésticos usam isopor na embalagem de proteção quando vêm da fábrica. É muita coisa. A prefeitura de Curitiba montou um centro experimental de coleta e reciclagem de isopor para ser utilizado na fabricação de blocos de cimento leve para construção de casas populares. 
       Eu acho que é uma ideia fantástica, mas que poderia ficar assim mais a “la Edison” se eles simplesmente viessem com aramados de vergalhões, já montados no formato das casas, com uma estrutura de papelão (que seria reciclada depois) em volta do aramado, para servir de molde, e aí se despejaria a mistura de cimento com isopor para dar o formato da casa.
        As fundações seriam feitas com pneus usados e nas paredes, onde não há tanta necessidade estrutural, o aramado seria mais fino e se poderia economizar a mistura de cimento leve preenchendo espaços com garrafas pet cheias de adobe (barro) misturado a algum aglutinante (talvez cimento).
       O tempo de secagem infelizmente não seria muito diferente de uma construção tradicional (embora exista cimento de secagem rápida, o custo dele não compensa ser utilizado neste caso), mas pela facilidade da montagem dos módulos (aramados, formas, etc) estes poderiam ficar armazenados em grande quantidade, juntamente com isopor reciclado.  Em caso de uma tragédia com desabrigados, basta fazer a mistura do cimento leve, levar os módulos para o local e montar as casas. Não resolve tudo, mas é muito melhor que a situação atual, onde se demora às vezes mais de um ano para reconstruir as casas.

  16. Caro Philipe, seu sonho já é realidade. Estamos construindo 15 casas por dia com formas plásticas e concreto com ar incorporado, que se expande 20% em volume, para moldar casas populares. A forma é montada em 3 horas, já com instalações; caixilhos e ferragem.
    Veja nosso site: http://www.tecwall.com.br
    Abraços,
    Dante Laurini Jr

  17. Philippe,

    Sua idéia é boa, tanto que não é original. Nos anos 50/60 diversos arquitetos hippies fizeram experimentos com espuma de concreto moldadas em formas infláveis que resultavam estruturas estáveis devido à forma abobadada. Quanto à fábrica de Edison que Vc citou, ela deu muito certo, mas o negócio de casa pre fabricada nunca seria tão rentável como outros que o proprio Edison tijnha. E não conseguia ser barato suficiente para concorrer com tecnologias mais baratas ainda de casas de madeira e papelão comuns nos USA para os mais pobres. A ideia é usada até hoje nos ridículos edificios neo-classicos que se encontra em São Paulo e outras cidades culturalmente subdesenvolvidas.
    O uso de materiais simples como o barro, o concreto e outros materiais é fácil e pode ser barato para resolver os problemas habitacionais, mas estes não dependem de tecnologia e sim da POLITICA, visto que coisas baratas e simples não geram impostos, contratos com empreiteiras e propinas.
    Qualquer solução para o problema habitacional depende de resolver antes o problema URBANO e FUNDIÁRIO. Não adianta fazer belas casas baratas para a população sem EMPREGO, TRANSPORTE e SERVIÇOS PUBLICOS, incluindo EDUCAÇÃO E CULTURA.

  18. Caro Philipe, as suas considerações a respeito da “Nova” construção civil são reais e verdadeiras vivemos em um mundo veloz e competitivo as tecnologias estão a disposição o que não era o caso de thomas edson ,a construção artesanal tijolo a tijolo tende a acabar dando lugar a casas com mais conforto termico acustico quebranddo o paradigma atual pois os concretos celulares estão ai e junto com ele outros grandes beneficios na questão de residuos ao final de uma obra, não tire isto da sua cabeça pois quando olhamos para um mundo melhor è questão de amor ao proximo e as futuras gerações,regue os seus pensamentos com esperança e perseverança.Deus o abençoe

  19. “Construções bioclimáticas, arquitetura sustentável, ecovilas, green buildings, bioconstrução, permacultura, construção ecológica e empreendimentos verdes são temas bastante discutidos hoje. Com a preocupação cada vez maior com as questões ambientais, parecem ter sido inventados há pouco tempo, porém, muito do que permeia tais conceitos vem sendo utilizado pelo ser humano desde os primórdios.”
    Constru-TEC pensa no futuro casa com desperdício ZERO consumo de agua baixo
    Montar uma casa usando painéis de concreto (ou cerâmicos, entre outras possibilidades) é mais rápido do que construir paredes assentando tijolo sobre tijolo. Em locais mais distantes ou de difícil acesso, a casa pré-fabricada também diminui a demora causada pelo transporte de materiais.

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