Muita gente conhece o Rio de Janeiro, e também o famoso Theatro Municipal. (É com Th mesmo)
Pois o post de hoje é sobre este lugar, mas não o Theatro em si, que é um show à parte, de arquitetura e restauração, bem no miolo da cinelândia, em pleno centro do Rio. O Theatro Municipal, inaugurado em 14 de julho de 1909, é considerado a principal casa de espetáculos do Brasil e uma das mais importantes da América do Sul. Mas poucas pessoas conhecem ou sequer imaginam, que no interior desse lugar, no subsolo de onde se apresentam grandes balés e espetáculos mais diversos, existe um salão com arquitetura completamente distinta de tudo que existe na cidade do Rio.
Olhe para o desenho acima e imagine isso no subsolo do Theatro.
Será possível? Será um delírio steampuk? Não! Existe mesmo! E o visual é de cair o queixo:
Chega a ser curioso como um lugar assim é tão pouco divulgado. Eu pelo menos, nunca fui lá, e descobri a existência do lugar por puro acaso, após um amigo me sugerir isso como tema. O fato é que o Salão Assyrio (O y é a grafia antiga do espaço, mantida pela tradição) abrigou, em décadas passadas, os primeiros grandes bailes de máscaras do Municipal. Ali funcionou também, acredite se puder, um cabaré – onde se apresentava ninguém menos que o Pixinguinha, acompanhado de seu legendário grupo Os Oito Batutas. POsteriormente se tornou o Museu do Theatro. Após a restauração ocorrida entre 1976 e 1978, o espaço retornou à sua atividade de restaurante.
A sensação é de estar num set exótico como o dos filmes do Indiana Jones. Aliás, taí uma bela locação para um curta-metragem.
Quem chega pela primeira vez ao restaurante Assyrio surpreende-se com a mudança brusca entre o estilo renascentista do Theatro e a inspiração do projeto decorativo deste salão, resultante de uma composição entre os estilos babilônico, assírio e persa, que obviamente nos remete à região da Babilônia e Assíria, onde é nítida a referência ao Palácio de Xerxes, em Persépolis (cerca de A.C, 485-465). O espaço, com divisão em dois planos, possui o teto baixo, sustentado por colunas que terminam com cabeças de touro, em estilo persa.
Não apenas as colunas são decoradas, como também as paredes do Salão, todas revestidas em cerâmica esmaltada, são decoradas por painéis de mosaico.
Ali podemos apreciar a frisa dos leões e a rampa das escadas do palácio de Artaxerxes, assim como a frisa dos arqueiros, original da sala do trono de Dario I, e os enormes Kerub, seres alados, que guarnecem as escadas.
Há ainda, em paredes opostas, duas belíssimas fontes – a primeira representa o lendário herói Gilgamesh, rei da Suméria, que aparece asfixiando um leão em um alto-relevo, cujo original (Héros maîtrisant un lion) se encontra no Museu do Louvre, na França, (curiosamente, este é na verdade, o único detalhe puramente assírio da decoração) a segunda mostra o imperador Dario apunhalando um gênio do mal, inspirado na decoração de seu palácio, em Persépolis.
A evocação deste período histórico ganha destaque pelos espelhos engastados em bronze antigo e a iluminação efetuada por originalíssimas lâmpadas. Os lustres têm inspiração islâmica e as luminárias, nos espelhos entre as portas, são montadas sobre touros. As portas do salão ganharam molduras de pedra gravadas com margaridas, a flor sagrada da Mesopotâmia.
Aqui está o link para o Salão Assyrio. Tá aí uma boa dica de passeio na cidade do Rio.
Não tô dizendo que isso é coisa de maçom, mas isso é coisa de maçom.