quinta-feira, dezembro 26, 2024

Robô Passo-a-Passo

Este foi o primeiro artigo que escrevi sobre modelagem na minha vida, lá em mil novecentos e antigamente, tempo em que eu nem sonhava em um dia ter um blog. O artigo foi postado no já extinto forum 3dOnline e causou sensação. Era a primeira vez que as pessoas ouviam falar de uma massa que endurecia no forno. Este foi o primeiro artigo brasileiro de escultura de miniaturas, que abriu um leque enorme de possibilidades para os escultores nacionais. Posteriormente, republiquei ele aqui no Mundo Gump, porque apesar de velho, ele ainda é bem didático.

Olá pessoal. Graças ao último artigo meu sobre massas na 3donline, tenho recebido muitos emails de gente interessada em esculturas e com interesses diversos relacionados ao lance das massas, seu uso, materiais e etc. Muita gente gostaria de entrar nesse campo da modelagem manual, seja pela grana, seja pelo prazer. Há ainda os que se interessaram pelo fato de que através da modelagem real o cérebro aprende a lidar de maneira melhor com o raciocínio espacial, o que é muito bom quando se almeja a carreira no mundo da computação gráfica e modelagem em 3d.

Há também outros aspectos interessantes, como o fato de que numa disputa por uma vaga em uma grande companhia de CGI lá fora, como Pixar, ILM, Blue Sky, Digital Domain e muitas outras, quem é bom em CGI, design conceitual e além de tudo tem capacidade de materializar um boneco a partir de um sketch ganha a vaga facilmente. Isso porque cada vez mais os estúdios precisam de aprovações para absolutamente tudo, e aprovar vendo a peça nas mãos é muito mais garantido que apenas com desenhos de produção. Sendo assim, queiramos ou não, esculpir é um diferencial importante, da mesma forma que escrever e desenhar também são.
Mas acima de tudo, é muuuuito gostoso. Uma excelente terapia mesmo. Passo fácil 14 horas modelando uma peça só sem nem perceber. (O problema é a coluna!)

Como eu já tava gastando as teclas de tanto explicar essas coisas repetidamente para os interessados, pensei em escrever mais um artigo mostrando cada etapa do processo de construção de uma miniatura, seja ela um boneco, uma peça ou um protótipo de carro. As informações que eu tentarei passar aqui são genéricas e muitas vezes óbvias, mas podem ajudar a quem está apenas começando.

Assim sendo, comecei dando uma geral no estúdio pra me certificar de que tenho todo o material que poderei precisar. Isso é legal porque evita saídas a todo momento para comprar ferramentas, cola, tinta, pincel ou aquele araminho que sempre falta na hora ‘H”…
Com tudo em ordem, decida o que exatamente você vai esculpir. Isso é muito importante, porque saber definir bem o que se vai fazer evita aquele sentimento de impotência idiota que nos acomete quando iniciamos o processo e fazemos bolinhas, cobrinhas e ficamos: “Eu vou esculpir… É…. É… Ih! Não sei!” Aí, se vc estiver usando massa epoxi, um abraço. Ela passa do tempo e você perde tempo e material inutilmente. E a perda material não é nada comparado à sensação de fracasso…

O que esculpir?

Obviamente eu não vou dizer o que você, leitor deverá escupir.

Mas se você permite, vou dar ideias. Sempre busque inspiração em algo que te interessa.
Assim, se você gosta de RPG, jogue. Se gosta de ler, dê uma lida, escolha uma história, veja um filme. ( Há um tempo atrás, eu vi Conam o Bárbaro, nada menos que 433 vezes para fazer um modelo) Se você gosta de garotas estilo Pin up, dê uma olhada nos trabalhos do Hajime Sorayama, da Olívia, do Boris Vallejo, do Vargas… A internet está recheada de ótimas referências e ideias pra você botar a mão na massa ( Ai, que trocadilho besta!)

Mas muita gente tem um problema que é a falta de aptidão para o desenho (Aptidão NÃO é capacidade, hein?) Assim, eu recomendo que quem sabe desenhar crie ou ao menos tente criar suas próprias ideias conceituais. É muito gratificante.
A única ressalva que eu faço nesse caso é que quando você encarnar o desenhista, seja apenas desenhista!

Não desenhe pensando no que sairá esculpido, porque muitas vezes, dá problema e prende a criatividade. A concentração em cada etapa deve ser máxima.

Mas em todo caso, se você não desenha ou (como eu) tá com pouco tempo pra bolar dez mil artes até chegar no produto final a ser esculpido, uma coisa muito legal é sair em busca de designs conceituais da internet. Mas é bom lembrar que quando se usa o design conceitual de outra pessoa, é necessário que haja um acordo prévio entre as partes. É legal ser honesto, porque evita problemas de copyright e fica de antemão acordado se a peça será copiada ou não, bem como participações ao designer conceitual, etc.

Bom, aí eu tava em casa de bobeira e resolvi escrever este artigo, assim dei uma sapeada no site do grande designer Feng Zhu e achei alguma coisa legal pra modelar.

feng | Esculturas | Arte, escultura, feng zhu, Robô

É essa espécie de arma secreta-máquina de matar-robô. Bem, eu quando procuro algo pra modelar, sempre busco peças que tenham muitos detalhes, ( um vício que herdei do tempo em que trabalhava pra IDD miniaturas, uma vez que as mais detalhadas vendiam bem mais) já que a grande quantidade de detalhes enriquece muito a peça e permite maior exercício que as peças minimalistas.

Começando o trabalho

Feita a escolha da escultura, defina de antemão se a peça será produzida em escala de produção ou não. Isso é fundamental e evita problemas futuros. Muitas peças excelentes são perdidas porque a escultura produz ângulos que não são simples de copiar. Algumas estragam as formas muito depressa. Em alguns casos o escultor deve ter um olhar atento para a necessidade de dividir a peça em partes a serem montadas depois de pronta. Infelizmente este artigo não cobrirá a cópia das peças. Mas pretendo escrever um sobre isso em breve, quem sabe, né?

Agora vem o primordia l! USE MUITAS REFERÊNCIAS. Não se prenda a apenas um desenho. Se for usar um animal, use muitas fotos para ver como os músculos funcionam. Estude antes de começar. Tenha um livro de anatomia sempre próximo de você. Se for caro demais pro teu bolso, uma dica é comprar uma revista de fisiculturismo. Ali tem uns cabras tão fortões que você vê todos os músculos direitinho… Mas atenção à proporção.

No meu caso, como o que eu vou esculpir ninguém nunca viu, não é uma coisa que a gente bate o olho e sabe se tá bem feito ou mal feito ( leve isso em consideração sempre na hora de definir algo pra esculpir) como um cavalo ou uma pessoa, eu não preciso tanto de referências. Um desenho só já serve. E a vantagem é que como é uma peça minha, eu estou liberado da obrigação da fidelidade absoluta. posso fazer pequenas alterações que eu julgar necessárias, como retirar esse canhão estúpidamente grande das costas do robô, pois isso vai consumir muito material atôa, reduzir um pouco o tamanho dos protetores de ombro, porque estão meio exagerados e a cabeça fica meio sumida ali, inventar da minha cabeça toda a parte de trás do mesmo, essas coisas. É importante saber que nem sempre o que fica bom no desenho fica na escultura, e vice-versa. São linguagens totalmente diferentes, assim acabamos por ter que fazer certas concessões sempre.

Para definir se a peça poderá ser ou não copiada você deve ter algum conhecimento básico do processo de duplicação de esculturas com silicone industrial de impressão.
Mas se a peça será (como a minha neste caso é) apenas uma escultura para se guardar no armário das esclturas, mande bala pra próxima etapa, que é pegar uma base de madeira para seu boneco. Esqueça a tampa do vidro de maionese! Plástico nunca foi bom pra usar de base ( a menos que vc esteja usando massa epóxi). Pegue um compensado que geralmente é bom pra isso. Faça dois furos na madeira. SEMPRE USE UMA BASE PARA O BONECO! não esculpa-o na mesa diretamente, pois isso atrapalhará muito na hora de modelar. (sim, eu já cometi essa burrice!) Pegue um rolo de arame de aço fino. É um material bem barato e vendido em rolo em lojas de ferragens. Peça pra fazer testes de corte antes de comprar, pra definir o grau de dureza do arame. Eu gosto dos de aço porque são resistentes ao dobramento consecutivo por muitas vezes. A taxa de fadiga do material é baixa. Isso permite muita facilidade na hora de definir o posicionamento da peça. Já o cobre, além de oxidar tem o problema da quebra que é dramático! Procure comprar um arame de aço bem fino, porque ele é mais flexível e se você precisar modelar peças diminutas, ele atenderá a esta necessidade muito bem. Mas se precisar de rigidez, simplesmente pegue um bom pedaço e torça o contra si mesmo várias vezes. isso fará com que você obtenha uma vara de arame rígida e densa com três ou quatro arames compondo uma “corda” firme. Cuidado, porque nessa hora acidentes acontecem com facilidade. Não fique com olhos abertos ao usar alicates de corte, pois a tensão produz disparos de pedaços de arame. Furar o dedo nessa etapa já é tradição. Assim, cuidado.

Muita gente me pergunta se deve ou não usar arame de solda pra estruturas corporais… É uma pergunta difícil de responder à primeira vista. Quando você faz com Sculpey ou massas de cozimento, você tem problemas sérios com esqueletos em arames de chumbo e estanho. Eles tem um ponto de fusão baixo, o que quer dizer que derretem no interior da peça quando submetidos a 20 ou mais minutos num forno a 233 graus centígrados… Se eles são estruturais, o que temos é um boneco se desmilingüindo no meio do seu forno, porque é como se os ossos dele virassem geléia… E você não quer isso, certo? Bem, assim eu usaria o arame de solda que é ótimo apenas para algumas partes específicas da anatomia de um boneco.

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Neste, eu usei para fazer a mão. A facilidade de modelar com este arame permite que posicionemos com facilidade os dedos, coisa que agiliza muito o processo. Mas é necessário ressaltar que o boneco deve ter os arames bem cobertos de massa, pois senão haverá gotejamento da solda pelas frestas. Já se você esculpe em epoxi ou qualquer outra massa que não produza ou seja submetda a muito calor, use como quiser. Só lembre que arames de solda tem baixa resistência a tração, torção e fusão. Assim, reforce bem a estrutura quando necessário.

Bem, pegue um bom pedaço de arame, e enfie-o pelos buracos na madeira, de modo que ele entre bem justo e atravesse de um lado para o outro. Então vc terá uma madeira com um fio que entra de um lado passa por baixo da madeira e sai do outro lado no outro buraco. Essa é a base de firmeza. Eu faço assim, mas se vc tiver solução melhor, tudo bem. Pegue mais pedaços de arame e torça-os como eu falei aí em cima sobre a base de firmeza da peça. E assim sucessivamente com arame, vá construindo o corpo do boneco.

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Aqui está a imagem do esqueleto de arame (note que está sem cabeça) É de propósito, uma vez que o robô do Feng tem uma tremenda escoliose múltipla. (também, com aquele enorme canhão em cima…)
Bem, agora você tem um treco magrelo que parece mais uma piada. não se dexe abater. É assim mesmo! No final sai alguma coisa. O que você faz agora é pegar o super sculpey. (Se você não tem a menor ideia do que é isso, leia sobre a massa milagrosa no outro artigo sobre massas .) Se você não tem Super Sculpey, nada te impede de usar durepoxi, polyepoxi, Aves Clay, sculpey simples ou qualquer outra massa que permita modelagem. A diferença óbvia é que o sculpey e o s.sculpey não secam sozinhos, por isso não tem que ser misturado, não tem que fazer tudo correndo porque ele só seca no forno. Se você for se aventurar com massas epoxi, cuidado que são tóxicas. Não coma. Eu sei que dá vontade, mas não coma. E não use água como diluente. Todo mundo acha que água é o diluente de massa epóxi. Lêdo engano. O diluente é álcool. Mas use pouco porque mela! Eu sei que tá escrito que dilui com água na caixa. Mas água não é bom pra peças com detalhes. Então você pegou seu caro, importado e precioso super sculpey. Corte um pedaço e amasse-o bem. Isso é bom porque como o s.sculpey está parado há muito tempo, as moléculas se acomodam e ele fica muito duro e quebradiço. Não se assuste. O seu material não tem defeito. É assim mesmo. Amasse-o vigorosamente e você terá em pouco tempo uma massa muito macia e flexível. Com pequenas cobrinhas que você faz esfregando a massa na mesa (nessa hora você sente uma certa melancolia ao lembrar do tempo de escolinha, eu sei. É igual a cheirar lápis de cera…) Com as cobrinhas começe a espremê-las sobre a estrutura de arame.

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Não se preocupe com detalhes agora. Simplesmente cubra o arame, pressionando com cuidado para que não amasse ou defome, mas com força suficiente para que ela se prenda bem à estrutura de arame trançado.
Feito isso, com a ajuda de uma afiada ( CUIDADO!!!) faca X acto que você compra em lojas de modelismo ou grandes papelarias e lojas de material artístico, começa a aparar a peça, com atenção para as proporções. É bom ter um medidor de escala. (Até um compasso velho funciona) para que o boneco sofra menos o efeito “corcunda de notre damme” e ficar todo torto, com um braço maior uma perna menor etc…

Depois de ter reduzido bastante o excesso de massa, note que você vai fazer o boneco num universo tridimensional de verdade. Assim, começe a pensar como as coisas funcionam no mundo real. No 3d nada te impede de iniciar um boneco pelas calças. Mas se você tentar fazer isso em miniatura, vai se dar mal. Assim, mantenha a escultura base, sempre mais magra do que será no final do processo, pois ela receberá vestuário e isso aumentará seu volume corporal significativamente… Nessa imagem você vê que eu mantive apenas o mínimo necesário para recobrir o arame. O resto ( nesse caso) seria “greeble” – greeble é um nome criado pela equipe da ILM quando faziam as naves da saga Guerra nas Estrelas. O termo se refere específicamente a aquele monte de coisas estranhas, painéis, módulos, canhões, canos, tubos, dutos, entradas de ar e toda sorte de bagulhos que recobria a superfície das as naves de ficção científica.

Bem, neste caso, eu modelei o greeble na mão mesmo com s.sculpey.

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Eu costumo começar o boneco pelos braços. Isso permite que eu segure no corpo sem causar danos a estrutra. A cabeça deve ser a última parte e precisa sempre ser modelada a parte e só depois colocada junto no todo.

Mas como eu ia dizendo, começe a modelar seu boneco de dentro para fora. Você fez o esqueleto, cobriu com músculos, fez uma lipoaspiração aqui e ali e agora precisa trabalhar duro para obter resultados. Muitas vezes a gente acaba perdendo tempo por bobeira… Ocorreu isso quando fui fazer a metranca do robô. Ficou pesada demais para a estrutura suportar, e depois de pronta eu não gostei da aparência de elefantíase que deu ao braço. Assim, desmanchei o braço direito inteiro da peça e refiz.

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Com uma série de materiais (veja a imagem) eu obtenho texturas diferentes e específicas para cada função. Por exemplo, um pente fino para pegar piolho é uma excelente ferramenta para se obter conduítes realísticos em massa. Eu consigo isso esfregando uma cobrinha da massa sobre os dentes…

Então vale tudo, faca, canivete, bombril, palha de aço, casca de laranja (ótimo para pele de dinossauros!) canetas – estas são maravilhosas, pois tem muitas formas que se aplicam – tubos, palitos, linhas e etc… Saia por aí quando estiver atôa com um pouco de massa e sempre aplique o material sobre ela para ver a textura que você obtém. Muitas supresas boas vêm de coisas aparentemente idiotas, tais como sola de tênis, palito de fósoforo, tubo de caneta bic, ponta de lapizeira velha… Muitas vezes precisamos de ferramentas específicas que se torna necessário que nós mesmos construamos. O próprio s.sculpey pode ser usado para produzir carimbos de impressão para obter texturas legais, como malhas de aço e etc.

Com eles você vai modelando em pedaços de massa, parte após parte. Sempre com cuidado de não esmagar seu próprio trabalho acidentalmente. Isso acontece demais.
Algumas partes, como armas, elmos, escudos e toda sorte de peças agregadas a sua escultura podem e devem ser esculpidas a parte e cozidas, para só então serem adionadas na peça principal. Peças que são protuberantes demais ( no caso do robô, ocorreu isso com o braço-metralhadora) podem pesar e deformar o arame. Isso não é bom. Assim, o jeito é cortar o arame ali e modelar sem o braço. faça o braço sem arame por dentro, depois com cuidado, corte a parte protuberante e asse-a separadamente. Pra isso fixe-o pelo pedaço em que será colado com um arame em uma rolha ou pedaço de cortiça. Isso facilitará o manuseio da peça sem que se toque nela. Use cola quente ou super bonder para unir as partes depois.

Refinamento, acabamento e cozimento

Muitas peças precisam de alta precisão na modelagem, como é o caso dos protótipos. Bem, na falta de muito material, se sua escala é reduzida, você pode obter linhas aerodinâmicas com o uso de um nylon bem fino amarrado em dois tubos metálicos. Essa ferramenta é um poderoso cortador de massa. Serve para alisar grandes áreas de superfície através do corte. Quanto mais fino e forte o nylon, mais preciso o seu corte e seu efeito sobre a massa. Muitas vezes, protótipos veiculares precisam ser esculpidos em partes e só depois de cozidas unidas. Isso permite que o designer lixe cuidadosamente o modelo final, obtendo um resultado muito suave na superfície. Mas em modelos pequenos demais, onde a lixa não tem muito jeito de pegar ou quando você precisa de alguma maneira fazer uma passagem gradual de uma textura para a outra, a próxima dica é essencial…

Muita gente me pergunta como faz pra tirar as maditas impressões digitais das peças. Suavizá-las. Um segredo pra isso é usar flúido de isqueiro. Mas use pouco, pois ele é muito forte e tem um efeito químico sobre o s.sculpey. Não use em massa epoxi.
Uma vez modelada a peça, você deve colocá-la para assar com cuidado. Uma bobeira que você dá e seu trabalho pode ir pelo ralo. Apoie a peça numa bandeja de aço. Uma forma para pizza serve bem. Pré aqueça seu forno por cinco minutos. Depois coloque com atenção seu boneco no forno e deixe-o assar por 15 ou 20 minutos, dependendo da quantidade de massa no seu projeto. NÃO COLOQUE O BONECO PARA ASSAR COM COMIDA! (Sim, tem maluco que faz isso) Se partes protuberantes como cajados, chifres ou dedos ficarem pretas não se preocupe. O SuperSculpey fica pretão quando bem seco. Não inale os vapores da peça ao abrir o forno. Desligue o fogo e deixe-o esfriar antes de pegá-lo lá dentro. Isso porque o S.Sculpey fica macio e borrachento quando está muito quente e vc pode quebrar algum detalhe ou deformá-lo ao tentar retirar do forno. As luvas térmicas costumam atrapalhar a sensibilidade das mãos, por isso é aconselhável deixar a natureza encarregada de esfriar a peça. (Ela vai soltar muito vapor com um cheiro estranho. Isso é normal. São as resinas evaporando, isso fará que a peça endureça.)

O consumo de massa que tive nessa peça foi bem pouco, Fato que até me surpreendeu, porque eu achei que gastaria muito mais para uma peça de 16cm de altura.

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Preparando a base

Depois de assada ela poderá ser furada, serrada, lixada e pintada como você preferir.
O próximo passo é ajustar a cabeça na peça. Usando uma faca afiada, você aparará corretamente para caber no local.
Com atenção, corte a parte inferior de arame da base de madeira, assim você poderá soltar o boneco da base. Use um alicate de corte pra isso.
Se você tem facilidade com madeira, pode fabricar sua própria base para o boneco, mas é possível encontrar bases ótimas de madeira por um preço muito bom em lojas de artezanato, papelarias e aqui no Rio, no saara, numa loja de produtos de madeira. Eles tem excelentes bases a preços inacreditavelmente baratos.

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Depois de sete horas ininterrúptas de modelagem eu chegava ao fim do trabalho. Já eram três da manhã de segunda-feira, assim deixei pra pintar em outra oportunidade. Note a nova metranca, muito mais compatível com a do desenho original. E mais leve também.

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Aqui tem uma vesão em diferentes ângulos da peça. ( Ainda estava com a metranca antiga)

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Pintura e Finalização

O passo final é pintar o seu boneco. Você pode usar praticamente qualquer tinta para pintá-lo. Eu uso acrílica, pois não tem cheiro forte, e em função do detalhe eu coloco a cara perto demais da peça e por muito tempo… Aí tintas fedorentas poderão atacar seu fígado. E isso não é legal! Pinte sempre em local ventilado e bem iluminado. Não fume ao pintar!
Dependendo da peça, fica legal usar aerógrafo. No caso da minha não dava ( mais por falta de saco do que outra coisa) mas você pode usar. Eu uso em geral pincéis de tamanhos variados e formas específicas por finalidade. E os pincéis são fundamentais para um bom resultado. Os quadrados são úteis para técnicas de picel sêco. Uso os cônicos para aplicar demãos de acabamento, como aguadas e etc. Uso pincéis redondos de ponta fina para detalhe. Em alguns modelos muito pequenos, o ideal é fabricar um pincel específico para microdetalhes. Eu fiz um assim arrancando um fio da minha sombrancelha (dói!) porque os fios da sombrancelhas são fortes e finos. Colei-o com super bonder num pedaço de pincel velho que eu tinha e ele é meu pincel de um pelo só, hehehe. Mas pra detalhe como pupilas de miniaturas de 15 mm não tem nada melhor! Eu usei este pincel para pintar cada um dos 744 parafusos que compõe a estrutura do robô. ( sim, eu contei!)

É possível usar até mesmo guache e aquarela para pintar detalhes nas peças. Mas é necessário aplicar uma fina camada de verniz afim de protegê-la, pois a tnta seca e endurece, mas devido a alterações de temperatura, a peça pode sofrer contrações e dilatações produzindo efeitos de rachadra na pintura. E aí você pode ter modelado a mais maravilhosa das mulheres, mas com uma rachadura na cara ela fica um horror. O verniz protege e evita isso. Aplique duas horas após concluir completamente a pintura. Use verniz acrílico PVA para peças pintadas com óleo ou esmaltes. Use vernizes de óleo para peças pintadas em acrílico. O lance é manter sempre o verniz com base oposta a base da tinta. Isso evita que peças pintadas com tinta de base água como acrílicos, guaches e etc em contato com verniz também com base em água sofra alteração, mesclando-se umas às outras. isso DESTRÓI seu trabalho!!!!
Terminada a pintura, dedique-se a detalhar a base. Alguns artistas gostam de fazer microdioramas nas bases. Fica legal, porque mostra um recorte, coloca o boneco num contexto. Mas também é legal destacá-lo como eu fiz com o robô. Uma base neutra dirige a atenção do observador para a peça. Isso é uma questão de opção do modelista.
Os retoques finais ficam a cargo de detalhamento. Alguns modelistas orientais preferem adicionar cabelo real às peças para aumentar o realismo. Materiais diferentes são uma boa pedida nos efeitos finais. Vidro, aço e tudo mais que o seu cérebro macabro ordenar. Outro dia vi uma excelente peça do Edward mãos de tesoura que foi feito todo em massa, menos os cabelos. O cara colocou uma pelúcia preta espigada com um pouco de goma laca e ficou incrívelmente real…

Vale ressaltar que muitas vezes é necessário modificar as proporções da peça. Isso vale para peças bem pequenas, e é um costume que acabamos pegando de tanto fazer. Ocorre que peças totalmente proporcionais acabam virando um pesadelo para os copiadores, porque devido ao seu pequeno tamanho, as mãos, cabeça e dedos ( note que são problemas de extremidades) acabam por acumular ar e isso imede que o material penetre no molde para copiar. Assim o escultor acaba sendo meio que obrigado a aumentar a ênfase de proporção nas mãos e na cabeça, justamente as partes em que você deve se empenhar mais. Nunca enrole na escultura de uma mão ou de uma cabeça. São partes fundamentais. Bem mais que o vestuário.

No meu caso do robô o mais difícil foi conseguir obter uma aparência de vidro nas sete lentes que recobrem a face da máquina. A solução que eu pensei inicialmente seria aplicar resina cristal ali, mas devido ao tamanho minúsculo, eu desisti. Acabei modelando as lentes em massa, direto na cabeça e fazendo o efeito do vidro com pintura. Pra sso dei duas demãos de tinta preta. Depois de seca a camada base, apliquei uma gota grossa e compacta de tinta verniz para vitral na cor verde musgo que eu deixei secar parcialmente vinte minutos antes, pra espessar. Cada gota grossa foi facilmente controlada com um pincel fino e aplicada no local. O brilho e aparência que esta técnica improvisada ofereceu me agradou. Na luz, elas parecem vidrinhos mesmo, e o reflexo é esverdeado, como ocorre com lentes de câmera de vídeo.
Eu dediquei um bom tempo à pintura da fuselagem, em função de definir a cor básica da peça. Achei um cinza azulado que me lembrou as cores de marinha de guerra. A maior parte do tempo foi dedicada a diferentes tipos de oxidação das partes da estrutura do robô. Trabalhei descascados, ferrugens e óxidos de cobre em tons verdes para peças específicas.
O robô não está terminado. Amanhã saio em busca de alguns decalques para colocar na arma do robô. Afinal, como uma máquina ele deveria conter alguns avisos de perigo, tampas removíveis, baterias, etc e tal. Talvez eu tenha que fazer um canibalismo com alguns kits de plastimodelismo velhos aí, mas isso faz parte, né?

Ah, já ia esquecendo. Dicas adicionais: LIMPEZA! Mantenha tudo impreterívelmente limpo. Me refiro a todo seu material, suas mãos e o local de trabalho. Se você modelou e terminou de modelar, limpe a mesa com um pano embebido em desengordurante de cozinha. Aí forre a mesa para iniciar o processo de pintura. Bagunça, sijeira e desordem podem atrapalhar o bom andamento do seu trabalho e sem dúvida comprometerão a qualidade de seu serivço. NEM SEMPRE AS COISAS SAEM COMO QUEREMOS. Muitas vezes isso acontece. Não pode esquentar a cabeça. Relaxe, distraia-se e tente mais tarde depois. O importante é não desistir. É normal que principiantes em escultura sintam uma certa dificuldade e uma boa dose de frustração aos primeiros ensaios. Ninguém nasce sabendo. Todos os escultores passam por isso. A persistência conduzirá ao sucesso. Não desistir ao primeiro problema é o segredo.
NÃO ESPERE DEMAIS. Minhas primeras esculturas foram motivadas pelos excepcionais desenhos do mestre ilustrador Frank Frazetta. Eu olhava os trabalhos do cara ( pintura) e achava que faria igualzinho em escultura. Ingenuidade! Saia um monte de porcaria que nem de longe era considerado parecido com a imagem, e eu ficava com raiva de mim mesmo… Isso é parte do processo de aprendizado. Uma escultura é um processo de muitas variáveis. Não dá pra definir com precisão absoluta o que vai sair, sobretudo quando se está iniciando.
TENTE. Se você ao menos não tentar, nunca saberá se consegiria ou não.

Bem, acho que é isso aí. Tomara que esse texto seja útil pra alguém. Aqui está o resultado parcial/final do meu robô:
( Desculpe a foto mal tirada. Ela não faz juz a peça)

robo10 | Esculturas | Arte, escultura, feng zhu, Robô

 

 

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Philipe Kling David
Philipe Kling Davidhttps://www.philipekling.com
Philipe Kling David, autor de mais de 30 livros, é editor do Mundo Gump, um blog que explora o extraordinário e o curioso. Formado em Psicologia, ele combina escrita criativa, pesquisa rigorosa e uma curiosidade insaciável para oferecer histórias fascinantes. Especialista na interseção entre ciência, cultura e o desconhecido, Philipe é palestrante em blogs, WordPress e tecnologia, além de colaborador de revistas como UFO, Ovni Pesquisa e Digital Designer. Seu compromisso com a qualidade torna o Mundo Gump uma referência em conteúdo autêntico e intrigante.
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Comentários

  1. Boa tarde amigo! adoro suas esculturas e teria uma que eu adoraria ver sendo montada pelas suas mãos. Lembra do filme(animação) Heavy Metal? Aquele desenho explodiu minha mente quando eu vi pela primeira vez lá com meus 5, 6 anos e até hoje adoro. Acho que ficaria incrível uma estatueta da Taarna, em cima daquele pássaro/pterodactilo/alienígena, de espada em punho, como nos cartazes do filme. Bem, fica a ideia de um fã tanto do seu blog, quanto de Heavy Metal kkk Abraços!

  2. Teria como fazer um tutorial ou um vídeo!! passo ah passo,seria muito produtivo e me daria uma ótima ideia para começar ah fazer o meu primeiro modelo ><

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